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    Governador da Geórgia vai vetar projeto de lei contrário a direitos LGBT

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    28/03/2016 14h38

    Pressionado por um arco de corporações que vai do Google à Disney, o governador da Geórgia (EUA), o republicano Nathan Deal, anunciou nesta segunda-feira (28) que irá vetar um projeto de lei estadual que extirparia direitos LGBT.

    Conhecida como "Lei da Liberdade Religiosa", a medida, se aprovada, legalizaria uma série de práticas excludentes por parte de organizações baseadas em alguma fé contrária à homossexualidade.

    Uma empresa que tivesse um patrão religioso, por exemplo, poderia demitir um funcionário gay. Um oficial do Estado não seria obrigado a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo "se isso violasse seu direito legal à liberdade de religião". Escolas e instituições de inclinação religiosa também poderiam barrar um evento de grupos com posições divergentes das suas —os da comunidade LGBT, por exemplo.

    O projeto passou pela assembleia local, de maioria republicana, partido tido como mais conservador.

    A reação do mundo corporativo foi brutal. Duas gigantes do entretenimento, Disney e sua subsidiária Marvel, ameaçaram sair do Estado se a lei fosse aprovada. A AMC, responsável pela série "The Walking Dead", também se disse disposta a arrumar as malas e ir para outro lugar.

    Com bons incentivos fiscais, a Geórgia se transformou em pólo para empresas do ramo. Lá a Marvel filmou, no verão passado, o novo filme do Capitão América, "Civil War". Atualmente, roda "Guardiões da Galáxia 2" num estúdio nos arredores da capital, Atlanta.

    A contrapartida compensava: no ano passado, o Estado faturou cerca de US$ 1,7 bilhão ao servir de set para mais de 240 produções.

    "A Disney e a Marvel são companhias inclusivas, e ainda que tenhamos tido ótimas experiências filmando em Geórgia, planejamos levar nossos negócios para outros cantos caso haja uma lei estadual que permita quaisquer práticas discriminatórias", disse um porta-voz da Disney na quarta (23).

    Parte de Hollywood engrossou a ameaça de boicote, como as atrizes Anne Hathaway e Julianne Moore, o criador da série "Glee", Ryan Murphy, e o diretor Lee Daniels ("Preciosa").

    Mais de 300 corporações —Google, Twitter, Coca-Cola e Microsoft entre elas— também ficaram contra a lei. E a NFL, liga de futebol americano, afirmou que Atlanta perderia a chance de sediar futuros Super Bowls se o governador sancionasse a legislação anti-LGBT.

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