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    OAS é mencionada em escândalo de corrupção no Chile

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    29/03/2016 02h00

    A política chilena ganhou novo escândalo de corrupção neste mês, desta vez com nomes de personalidades e empresas brasileiras envolvidas.

    Após diferentes casos que comprometeram tanto familiares da presidente, Michelle Bachelet, como o ex-presidente do partido oposicionista UDI Ernesto Silva, surgiram rumores de um esquema do qual fariam parte o político Marco Enríquez-Ominami e a empreiteira brasileira OAS, envolvida na Lava Jato.

    Xinhua - 30.out.2013/Jorge Villegas
    O ex-deputado Marco Enríquez-Ominami participa de debate presidencial no Chile em outubro de 2013
    O ex-deputado Marco Enríquez-Ominami participa de debate presidencial no Chile em outubro de 2013

    Enríquez-Ominami, do Partido Progressista, foi candidato à Presidência do país em 2009 e 2013. Na última campanha, ele teria viajado em um avião particular na companhia de dois executivos da OAS: Augusto César Uzeda, ex-diretor internacional da companhia, e Augusto César de Souza Fonseca, então diretor de operações para o Cone Sul.

    A mesma aeronave ficou à disposição do político chileno por quase quatro meses, durante praticamente todo o período anterior à eleição, segundo reportagem do jornal "La Tercera", publicação vinculada à direita chilena.

    De acordo com o diário, preocupados por estarem perdendo território no Chile com a abertura do país para, principalmente, o capital espanhol, os brasileiros decidiram se aproximar de novas lideranças políticas.

    O trecho do voo realizado em julho de 2013 com os executivos e o então candidato chileno saiu de Santiago com destino a São Paulo.

    Na cidade brasileira, Enríquez-Ominami fez fotos para a campanha com uma equipe do marqueteiro Duda Mendonça, que trabalhou na eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.

    Após a sessão, Enríquez-Ominami voltou a Santiago no mesmo avião, já sem a companhia dos funcionários da OAS. A aeronave brasileira, porém, permaneceu no Chile pelos meses seguintes.

    Não há registro de quem financiou o aluguel do avião durante quase quatro meses. Na declaração de gastos da campanha de Enríquez-Ominami, quase não há contas de deslocamento aéreo.

    Segundo o "La Tercera", pessoas próximas ao candidato afirmaram que não houve doações de empresas brasileiras e que o aluguel da aeronave estava nos serviços oferecidos por Mendonça.

    Outras fontes citadas, que também fizeram parte da campanha de Enríquez-Ominami, disseram que o pagamento da locação foi feito por uma empresa ligada à OAS.

    A lei eleitoral chilena proíbe doações de pessoas e empresas estrangeiras a campanhas eleitorais. De qualquer modo, se o crime for comprovado, ele já estará prescrito.

    OUTRO LADO

    Procurada pela Folha, a OAS informou que não iria se pronunciar sobre o assunto. Enríquez-Ominami e Duda Mendonça não foram localizados pela reportagem nesta segunda (28).

    O político, porém, afirmou em sua conta no Facebook que "as mesmas forças políticas de sempre [em alusão a partidos da situação, de Bachelet, e da oposição] recorrem a práticas que achávamos que tinham sido esquecidas para dividir em partes iguais um campo de grama seca, com menos políticos e dirigentes questionados".

    DESCRÉDITO

    Os escândalos de corrupção no Chile vêm derrubando a credibilidade dos políticos desde o ano passado.

    Com as denúncias de que a nora e o filho de Bachelet lucraram milhões com a compra e a venda de terrenos adquiridos com um empréstimo concedido por um banqueiro próximo à presidente, a parcela da população que que diz se identificar com o governo caiu de 45% para 35%.

    A oposição tampouco ganhou força, afetada pelo escândalo de um esquema de doações ilegais de campanha. Os que afirmam apoiá-la passaram de 25% para 31% e continuam em um patamar ainda inferior ao da situação.

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