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    Professora processa Universidade Columbia após escândalo sexual

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    29/03/2016 02h00

    Um novo escândalo de assédio sexual tomou os corredores da prestigiada Universidade Columbia, em Nova York. Uma professora entrou com processo na Justiça acusando a instituição de retaliá-la após ela reclamar de supostos abusos de um tutor.

    Docente na faculdade de negócios desde 2008, Enrichetta Ravina, 40, pede US$ 20 milhões (R$ 72,5 milhões) por discriminação de gênero, assédio sexual e ambiente de trabalho hostil, entre outras acusações.

    Daniel Acker - 23.abr.2010/Bloomberg
    Estudantes e pedestres andam em frente da Biblioteca Memorial da Universidade Columbia
    Estudantes e pedestres andam em frente da Biblioteca Memorial da Universidade Columbia

    A Columbia disse que não comenta processos judiciais pendentes, mas que trata "alegações de assédio com o máximo de seriedade".

    O episódio começou em 2009, quando o professor Geert Bekaert ofereceu ajuda à professora Ravina em seu projeto sobre investimentos para aposentadoria. Na Columbia desde 2000, ele havia trabalhado em uma empresa com um banco de dados valioso para a pesquisa.

    A colaboração avançou e, quando se tornou essencial ao projeto, Bekaert "começou a falar de pornografia, defender o uso de prostitutas e descrever suas façanhas sexuais", segundo o processo.

    "Ele queria ter uma relação íntima com Ravina, insistindo que se encontrassem fora do campus, tocando-a inapropriadamente, descrevendo-a como sensual e se dizendo atraído."

    Diante das negativas de Ravina, o professor começou a sabotar a pesquisa, diz a acusação. "Quanto mais ela resistia, pior era o comportamento de Bekaert. Ele disse que, se ela fosse 'mais gentil', o trabalho poderia avançar mais rapidamente."

    ACUSADO NEGA

    O docente nega a acusação. Diz que nunca foi superior hierárquico à colega e que fica perplexo com o que chama de tentativa dela de "destruir sua reputação".

    A professora diz que recorreu a diferentes chefes na universidade. Em resposta, ouviu que fazia "drama" e seria prudente desistir da carreira acadêmica, segundo a ação. "Deixaram claro que não fariam nada para protegê-la."

    Colegas de Ravina teriam tentado interferir, mas foram ignorados, alega a acusação.

    Os advogados da professora acrescentam que, com a insistência dela, a Universidade Columbia, então, retaliou. Revogou uma licença remunerada e impôs prazos mais apertados do que a praxe.

    Entre as 15 melhores universidades do mundo, a Columbia, com frequência, é envolvida em escândalos afins.

    Durante meses, entre 2014 e 2015, uma estudante protestou carregando pelo campus o colchão em que diz ter sido estuprada por um colega, quando a instituição arquivou sua acusação.

    O último relato de abuso ocorreu em 21 de março, no dormitório estudantil, segundo o sistema de alertas da universidade. Em novembro, outra estudante relatou ter sido estuprada por dois colegas dentro do campus.

    Columbia começou, há um ano, a impor aos estudantes aulas e palestras sobre respeito sexual pelo menos uma vez ao longo do curso, inclusive na pós-graduação.

    Um dos workshops pretende ensinar os alunos a diferenciar recusa de consentimento. Outro, intitulado "A Arte e a Ciência do Flerte", promete ajudar os participantes "a decifrar a linguagem às vezes confusa da paquera".

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