• Mundo

    Saturday, 18-May-2024 15:18:08 -03

    eleições nos eua

    Em debate, Donald Trump e Ted Cruz voltam a discutir sobre mulheres

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    30/03/2016 00h26

    Scott Olson - 14.jan.2016/AFP
    Os candidatos Donald Trump e Ted Cruz no debate republicano da Fox News, em 14 de janeiro
    Os candidatos Donald Trump e Ted Cruz no debate republicano da Fox News, em 14 de janeiro

    Sob a chamada "desta vez, é pessoal", a CNN promoveu nesta terça (29) um debate com os três pré-candidatos republicanos à Casa Branca, Donald Trump, Ted Cruz e John Kasich.

    A legenda tinha sua razão de ser: nos últimos dias, os dois oponentes à frente das pesquisas, Trump e Cruz, vêm se engalfinhando numa troca de ofensas que envolvem até suas mulheres, a ex-modelo Melania Trump e a executiva Heidi Cruz.

    A mídia americana apelidou a peleja de "minha mulher é mais gostosa do que a sua" após Trump publicar uma montagem comparando o visual das duas. Uma retaliação, segundo o empresário, para uma foto de Melania nua em uma revista, que caiu na internet com suposta anuência do senador texano.

    Reprodução
    Anúncio do Make America Awesome, que se opõe a Trump, mostra a mulher do magnata, Melania, nua
    Anúncio do Make America Awesome, que se opõe a Trump, mostra a mulher do magnata, Melania, nua

    Desta vez, os holofotes recaíram sobre Corey Lewandowski, coordenador da campanha de Trump. Ele se entregou à polícia de Jupiter (Flórida) nesta manhã, acusado de agredir uma repórter em evento no Trump National Golf Club, no começo do mês. Solto no mesmo dia, Lewandowski foi feito de munição contra seu candidato, que o defendeu na TV.

    O empresário defendeu seu estrategista, dizendo que a repórter (Michelle Fields, no site conservador "Breitbart News") mudou mais de uma vez sua versão do ocorrido —primeiro teria dito que Lewandowski lhe causou hematomas no braço, depois, que "alguém" a teria empurrado. "Ela não é criança. Em suas próprias palavras, ela bambeou até o chão, não disse que foi 'puxada para baixo'."

    Trump ainda acusou a jornalista de ter agarrado seu braço ao tentar lhe fazer uma pergunta. "[Michelle] não deveria estar me tocando. Meu braço, ele nunca mais foi o mesmo, pessoal", ele disse, provocando risos na plateia.

    Por anos no comando de "O Aprendiz" na TV, ele afirmou que não usaria seu bordão no programa ("você está demitido") com o assessor. Cruz e Kasich defenderam a demissão de Lewandowski.

    As sras. Trump e Cruz também vieram à baila. Os dois maridos importaram para a TV o ringue armado nas redes sociais. Apesar de ambos dizerem que preferiam discutir política, insistiram na postura "ele que começou".

    MONÓLOGO

    Não foi propriamente um debate entre os três candidatos, já que em nenhum momento eles se enfrentaram. Cada um deles foi sabatinado por uma hora pelo jornalista Anderson Cooper e por eleitores da plateia em Milwaukee, Wisconsin, Estado que realiza suas prévias no próximo dia 5.

    O primeiro sob escrutínio foi Cruz, pressionado a dizer se apoiará Trump caso ele seja escolhido para disputar a Presidência em novembro. O texano vem evitando dar uma resposta incisiva. Desta vez, afirmou não ter "o hábito de respaldar alguém que ataca minha mulher e minha família".

    "Vi o quão atormentado ele ficou com essa pergunta", disse Trump em seguida. Ele afirmou não esperar amparo dos oponentes caso seja o eleito para concorrer com o candidato democrata. "Não quero vê-lo atormentado. Não quero seu apoio, não preciso do seu apoio, quero que ele fique confortável."

    Deixando as picuinhas de lado, Trump desenvolveu algumas de plataformas na política exterior. Ele vinha sendo pressionado a elaborar seu programa, e uma entrevista de cem minutos ao "New York Times", publicada no começo da semana, foi o ponto de guinada.

    Na reportagem, ele defendeu que aliados como a Arábia Saudita paguem por ações americanas no exterior e definiu sua posição como "a América vem primeiro".

    Em Wisconsin, Trump repetiu críticas à Otan ("obsoleta") e foi questionado sobre respeito a minorias. Um eleitor disse que, nos Estados Unidos, a maioria absoluta dos homens com turbante são sikh, religião monoteísta que nada tem a ver com o Islã.

    Em 2012, um homem matou seis pessoas num ataque a um templo sikh em Wisconsin. Trump respondeu investindo contra o "radicalismo islâmico".

    Tanto Trump quanto Cruz, ambos linha-dura na questão imigratória, foram abordados por fazendeiros na audiência sobre como o Estado poderia abrir mão de trabalhadores estrangeiros —eles ocupam postos que americanos não estariam dispostos a encarar.

    O texano, linha-dura no assunto, disse que os "princípios são claros: legal, bom, ilegal, ruim".Trump foi na mesma toada: "Vamos deixar as pessoas entrarem, mas elas farão isso legalmente".

    As sabatinas tiveram momentos tensos que evocaram o pugilato virtual entre Trump e Cruz. Anderson Cooper, por exemplo, perguntou se o texano tinha prova de que seu oponente plantou uma reportagem do tabloide "National Inquirer". Na matéria, Cruz foi acusado de ter cinco amantes (uma professora, uma prostituta e três colegas do meio político).

    Houve momentos sentimentais, como quando Cruz lembrou de uma irmã viciada em remédios que morreu de overdose.

    Egresso do Tea Party, o senador também foi instigado sobre sua fé. Um estudante perguntou até que ponto a religião influenciava sua carreira política. Ao longo da campanha, ele vem mirando o voto evangélico. Sua mulher já afirmou que seu marido concorre "para mostrar a face do Deus que servimos" à nação.

    Em Wisconsin, reforçou sua fé evangélica, mas criticou "os muitos políticos por aí agindo como se fossem mais sagrados do que você".

    O debate teve ainda descontração, previsivelmente a cargo de Trump. "Sou alguém que acredita na flexibilidade", disse a certa altura.

    Depois, riu por não lembrar a última vez que tinha pedido desculpas a alguém. (Lembrou de duas: desculpava-se com a mãe por falar palavrão e, hoje, pede perdão à mulher, que insiste: "Donald, seja mais presidenciável.")

    KASICH

    Na lanterna da disputa, matematicamente inelegível a esta altura do campeonato (precisaria ganhar 122% dos delegados nas próximas prévias), Kasich tentou se mostrar como uma escolha viável para seu partido. Apontou pesquisas que o mostram como nome mais forte para duelar com Hillary Clinton, a provável candidata democrata.

    O governador de Ohio ainda tem uma chance de ser a opção republicana para a Casa Branca. Se nenhum dos três tiverem maioria dos 1.237 delegados (representantes partidários dos Estados) até a convenção, em julho, haverá uma segunda votação. Nesse caso, cada delegado vota em quem bem entender, sem precisar seguir as urnas.

    Geralmente mais "boa praça", Kasich adotou tom mais duro em Wisconsin, criticando o presidente Barack Obama por ir a um jogo de beisebol em Cuba em vez de voltar para casa —a partida aconteceu no mesmo dia dos ataques em Bruxelas, na Bélgica.

    Quanto à performance midiática aquém dos oponentes, Kasich disse que está "fora do noticiário" porque "não fica xingando ninguém".

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024