• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 04:45:26 -03

    paris sob ataque

    Hollande desiste de implementar reforma constitucional na França

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    30/03/2016 08h03

    O presidente francês, François Hollande, abandonou nesta quarta-feira (30) a intenção de mudar a Constituição do país, incluindo o plano concebido após os ataques em Paris de retirar a nacionalidade francesa de condenados por terrorismo.

    Reivindicados pelo Estado Islâmico, os atentados de novembro deixaram 130 mortos.

    Embora a proposta, popular entre os eleitores, tenha dado ao presidente socialista a oportunidade de fazer um aceno para a direita, a reforma constitucional fracassou depois de não obter o apoio necessário nas duas casas do Parlamento.

    Stephane de Sakutin-30.mar.16/Reuters
    Em Paris, o presidente francês François Hollande discursa sobre a reforma constitucional
    Em Paris, o presidente francês François Hollande discursa sobre a reforma constitucional

    Hollande também abandonou uma proposta de inserir na Constituição um conjunto de regras sobre o estado de emergência, culpando a oposição por barrar seus planos, apesar de alguns membros de seu próprio partido terem se oposto a eles.

    "Setores da oposição foram hostis à revisão da Constituição. Lamento essa atitude", disse Hollande após reunião semanal do gabinete. "Decidi, então, pôr fim a esse debate", completou.

    A consequência mais espetacular da divisão entre os socialistas foi a renúncia da ministra da Justiça de Hollande, Christiane Taubira.

    O recuo provavelmente prejudicará ainda mais as poucos chances de reeleição de Hollande em 2017, disse Frederic Dabi, do instituto de pesquisas Ifop.

    "Reforçará a percepção de um presidente que não é determinado, que não tem autoridade, cujas mãos tremem", disse.

    Uma pesquisa Ipsos-Sopra Steria para o jornal "Le Monde", conduzida antes do anúncio desta quarta mas publicada no mesmo dia, mostrou que Hollande obteria 16% dos votos no primeiro turno, quatro pontos a menos do que há um mês.

    Isso o deixaria em terceiro lugar em uma disputa contra Marine Le Pen (27%), do partido de extrema-direita Frente Nacional, e do ex-presidente Nicolas Sarkozy (21%), da direita tradicional do país.

    A proposta sobre o passaporte entrou em um impasse na semana passada, depois que o Senado aprovou uma versão diferente da adotada pela Câmara, controlada pelos socialistas.

    Para mudar a Constituição, a proposta precisava ser aprovada por cada Casa exatamente nos mesmos termos.

    Enquanto a versão do governo previa a aplicação da medida para qualquer cidadão francês, o Senado tentou lidar com o fato de que apátridas não podem ser expulsos do país, restringindo a lei àqueles com dupla nacionalidade.

    Para os críticos, isso criaria duas categorias de cidadãos franceses —aqueles que poderiam ter sua cidadania revogada e aqueles que não—, algo que, argumentaram, poderia fomentar tensões raciais.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024