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    Já esperava um não, diz prima de Jean Charles sobre Corte europeia

    JULIANO MACHADO
    DE BERLIM

    30/03/2016 12h54 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Patrícia Armani da Silva já sabia há cerca de um mês que sairia nesta quarta-feira (30) a decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos sobre o caso de seu primo, Jean Charles de Menezes, morto pela polícia britânica em julho de 2005.

    No horário divulgado à família (14h30 de Londres, 10h30 em Brasília), a definição foi publicada no site da Corte, mas ela ouviu a sentença pela rede de TV BBC antes que pudesse acessar o documento. Apesar da expectativa, Patrícia disse à Folha, por telefone, que "já esperava um não da Corte".

    "Sempre deixei um espaço para um eventual 'sim', que o recurso seria aceito e haveria uma reviravolta. Eu tinha aquele sentimento 'half half' [metade metade, em inglês]. Meio que me preparei tanto para um não quanto para o sim, porque não adiantava ter muita esperança. Já me aborreci muito com essa história", afirmou Patrícia, que trabalha como faxineira em Londres, é casada e tem uma filha de 13 meses.

    Leandro Colon/Folhapress
    Protesto em Londres (Reino Unido) marca dez anos da morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes pela polícia em uma estação de metrô
    Protesto em Londres nos dez anos da morte de Jean Charles de Menezes, no ano passado

    Se a Corte tivesse acatado os argumentos da família de que o Reino Unido não cumpriu com seu dever de responsabilizar os agentes que mataram Jean Charles, diz Patrícia, "a gente teria aberto uma garrafa de champanhe". "Fico triste, um pouco frustrada, porque às vezes parece pouco caso conosco."

    A prima de Jean Charles havia recorrido à Corte Europeia em junho do ano passado, e o órgão havia dito à família que uma sentença sairia entre seis a nove meses, o que acabou sendo cumprido. "Apesar do resultado, fico agradecida porque a Corte aceitou ouvir nossa história, ainda em 2009. Sei de muitas pessoas que tentam recorrer e não conseguem chegar lá."

    Quando falou com a reportagem, Patrícia ainda não tinha tido tempo de ler a sentença da Corte nem conversado com seus advogados para saber se havia mais alguma instância para recorrer. "Tenho 99% de certeza de que não há mais o que fazer, mas vou consultá-los antes."

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