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    eleições nos eua

    Papel de 'primeiro-cavalheiro' ainda é incógnita para Bill Clinton

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    01/04/2016 02h00

    "Nunca antes na história deste país", poderá dizer Hillary Clinton, 68, se eleita primeira presidente mulher dos EUA. Seu marido, Bill Clinton, 69, também terá direito a emprestar o bordão lulista.

    Após comandar o país de 1993 a 2001, ele voltaria à Casa Branca num papel até aqui ocupado por 45 mulheres: primeira-dama dos EUA (uma delas repetiu o papel, e dois dos 44 presidentes casaram-se de novo no cargo).

    Como chamá-lo? Nem Hillary sabe. "'First dude' (primeiro-cara), 'first mate' (primeiro-companheiro), 'first gentleman' (primeiro-cavalheiro), apenas não sei", disse no "Jimmy Kimmel Live!".

    O cargo não está na Constituição, mas habita o imaginário popular. O título "first lady" veio do hábito de se referir à primeira delas, a mulher de George Washington, como "lady Martha". (Para Jackie Kennedy, soava como "nome de cavalo premiado".)

    Mas como Bill, homem e ex-presidente ainda por cima, se comportaria no posto?

    "Duvido que ofereça chás da tarde", diz Robert Shapiro, da Universidade Columbia. "Acho que ele representaria Hillary em ocasiões e defenderia publicamente as políticas dela. E a presidente confiaria a ele alguns assuntos. Ela, quando primeira-dama, envolveu-se na reforma do sistema de saúde."

    Incluir Bill em sua chapa, como vice, "passou pela cabeça", Hillary disse em setembro, ressalvando que a ideia é inconstitucional (ele já cumpriu dois mandatos).

    Na mesma entrevista ao programa de amenidades "Extra", ela falou sobre a socialite Kim Kardashian, com quem tirou fotos num evento ("ela tinha um jeito afável de apresentar o marido [o rapper Kanye West] como se eu não soubesse quem era").

    Todos saberão quem Bill Clinton é, e isso facilita um bocado, aponta o historiador da Biblioteca das Primeiras Damas, em Ohio. Carl Anthony aposta que a população americana já se acostumou com os Clinton e não estranharia o novo arranjo.

    Algumas barreiras de gênero, contudo, persistem. "Não acredito que falariam sobre o smoking do 'primeiro cavalheiro', mas do vestido de gala da presidente."

    A democrata se viu obrigada a encarar papéis ditos tradicionais no começo dos anos 1990. Quando o marido era candidato, parecia disputar um torneio para dona de casa –a Branca, no caso.

    Aceitou "duelar" com Barbara Bush, mulher do então presidente, George Bush pai. As duas assaram biscoitos a pedido da revista doméstica "Family Circle", e Hillary venceu. A receita pode ser vista aqui.

    Ela fez a fornada em aceno ao eleitorado feminino. Muitas donas de casa, porém, não gostaram de ouvi-la dizer que podia ter abdicado do sucesso profissional e "ficado em casa fazendo biscoitos e tomando chá".

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