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    Pobreza cresce na Argentina com alta de serviços e desvalorização do peso

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    02/04/2016 02h00

    A inflação provocada pelo fim do câmbio controlado e dos subsídios aos serviços públicos, promovidos pelo presidente Mauricio Macri, fizeram com que 1,4 milhão de pessoas voltassem à pobreza na Argentina nos últimos três meses.

    A erradicação da pobreza foi uma das promessas de campanha do presidente de centro-direita. Segundo estimativas da Universidade Católica, a parcela da população pobre passou de 29% em dezembro, quando Macri tomou posse, para 32,6% em março. Foi a primeira vez desde 2004 que este percentual ultrapassou os 30%.

    Enrique Marcarian/Reuters
    Homem lava vidros de carros em uma rua de Buenos Aires; pobreza cresceu nos últimos três meses
    Homem lava vidros de carros em uma rua de Buenos Aires; pobreza cresceu nos últimos três meses

    A pobreza na Argentina, que vinha crescendo desde 2012, voltou à trajetória de alta após meses de estabilidade, provocada pelos aumentos em benefícios sociais concedidos por Cristina Kirchner antes da eleição presidencial.

    Esse quase um terço dos argentinos que se enquadra na pobreza tem famílias de quatro pessoas com renda inferior a 7.877 pesos (R$ 1.900).

    Para Eduardo Donza, pesquisador envolvido na estimativa, o aumento da pobreza decorreu da desvalorização do peso, que acelerou a inflação no período para uma taxa média de 4% ao mês.

    O cálculo de Universidade Católica, porém, não considera as demissões registradas no país nos últimos meses nem a alta dos preços dos serviços básicos, que devem elevar ainda mais a pobreza.

    Nesta sexta (1º), o governo anunciou um aumento médio de 300% no preço do gás e de 375% nas tarifas de água. Um dia antes, havia dobrado o preço da tarifa de ônibus e trens em Buenos Aires e elevado em 6% os combustíveis.

    EMPREGOS

    Segundo Donza, o aumento de subsídios e de programas sociais feito por Cristina Kirchner entre 2012 e 2015 só conseguiu reduzir a pobreza extrema, que passou de 6,1% em 2007 para 5,3% em 2015.

    O pesquisador afirma ser necessário expandir o mercado de trabalho para poder diminuir os índices. "Se entrar recursos de fora no país para investimentos que gerem empregos, como quer Macri, pode haver uma mudança".

    Por enquanto, no entanto, o panorama não é bom. O desemprego segue em alta principalmente no setor público, onde Macri dispensou 10 mil pessoas desde dezembro, segundo a ATE (Associação de Trabalhadores de Estado).

    O governo considera que Cristina inchou a máquina pública. Para Macri, as demissões são fundamentais para reduzir o deficit fiscal, que atingiu 7,1% do PIB em 2015.

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