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    Equipe de política externa de Trump preocupa republicanos

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    04/04/2016 02h00

    Donald Trump chegou à liderança da corrida presidencial republicana centrado em temas domésticos e no slogan "fazer a América grande novamente".

    Mas, por trás de seu discurso populista, sempre houve elementos externos, dos mexicanos "criminosos" e "estupradores" aos chineses que "roubam" empregos americanos, em meio aos "péssimos" acordos que os EUA fazem com o mundo. "Estamos perdendo em tudo", costuma dizer.

    Pressionado a apresentar sua equipe de política externa após meses dizendo que seu conhecimento do assunto vinha de programas de TV, Trump aumentou ainda mais a apreensão dentro e fora do Partido Republicano quando finalmente revelou os nomes.

    O que chamou a atenção, além da inexperiência, foi o número de militares. Geralmente os candidatos se cercam de nomes do circuito conhecido como a "porta giratória" de Washington, entre os centros de estudo e o governo.

    Rejeitado pela elite do partido, Trump, porém, teve dificuldades para atrair gente do topo. Em uma carta aberta assinada por 95 especialistas em diplomacia, que assessoraram governos republicanos, alerta-se para o perigo de Trump chegar à Presidência.

    EQUIPE

    O nome mais proeminente da equipe de política externa de Trump é Walid Phares, especialista em contraterrorismo da Universidade de Defesa Nacional, em Washington.

    Nascido em Beirute, Phares, 58, é personagem controvertido. Ocupou alta posição numa milícia cristã acusada de atrocidades durante a guerra civil libanesa (1975-90). Além disso, foi conselheiro de Samir Geagea, único líder libanês preso por crimes cometidos na guerra civil.

    Nos EUA, para onde se mudou ao final da guerra, Phares é acusado de islamofobia e de espalhar temor sobre a propagação da "sharia" (lei islâmica) no mundo. Foi assessor do candidato presidencial republicano na última eleição, Mitt Romney, um dos maiores críticos de Trump.

    Também compõe a equipe Joseph Schmitz, ex-inspetor-geral do Departamento de Defesa de George W. Bush –deixou o Pentágono em 2005 sob suspeita de ter bloqueado investigações contra membros do governo.
    Virou executivo da Blackwater, a poderosa empresa privada de segurança.

    Outro egresso da controvertida indústria de segurança privada é o general da reserva Keith Kellogg, vice-presidente da empresa de tecnologia e defesa CACI International, que em 2004 esteve no centro de escândalo internacional, quando funcionários da empresa foram acusados de participar de tortura e abusos de prisioneiros na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.

    A equipe é encabeçada pelo senador republicano ultraconservador Jeff Sessions e pelo especialista em energia George Papadopoulos, desconhecido da maioria dos especialistas até o anúncio.

    Matthew Kroenig, professor da Universidade Georgetown e um dos signatários da carta contra Trump, disse à Folha que "trabalhará energicamente" para impedir que Trup seja candidato.

    "É difícil exagerar o desastre que seria a política externa de Trump para os EUA e para a segurança global. Levaria a uma corrida armamentista na Europa, Ásia e talvez em outras partes", disse. Seria "o desmoronamento da arquitetura de segurança internacional que deu estabilidade global desde o fim da Segunda Guerra."

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