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    UE faz proposta de reforma no sistema de pedido de asilos a migrantes

    JULIANO MACHADO
    DE BERLIM

    06/04/2016 13h25

    A Comissão Europeia, braço executivo da UE, anunciou nesta quarta-feira (6) uma proposta de reforma do sistema de asilo no bloco, numa tentativa de organizar melhor a imensa demanda criada por cerca de 1,1 milhão de refugiados que chegaram ao continente em 2015 e de diminuir o peso sobre os países que recebem esse fluxo primeiro, especialmente Grécia e Itália.

    O principal ponto é alterar o regulamento de Dublin, existente desde os anos 1990, segundo a qual as pessoas têm de pedir asilo no país da UE em que chegam –ou, se forem para outra nação do bloco durante o processo, devem retornar em algum momento ao ponto de origem. Como praticamente apenas Grécia (850 mil pessoas) e Itália (200 mil) concentram quase todo o fluxo de chegada, os dois países não têm conseguido lidar com a quantidade de requerentes de asilo.

    Aris Messinis/AFP
    Men hold their hands up behind a chain link fence as Pakistani and Afghan migrants protest inside the Moria detention center in Mytilene on the Greek island of Lesbos on April 5, 2016 against deportation to Turkey. Migrant returns from Greece to Turkey begun on April 4 under the terms of an EU deal that has worried aid groups, as Athens struggles to manage the overload of desperate people on its soil. Over 51,000 refugees and migrants seeking to reach northern Europe are stuck in Greece, after Balkan states sealed their borders. Hundreds more continue to land on the Greek islands every day despite the EU deal. / AFP PHOTO / ARIS MESSINIS ORG XMIT: ARIS1794
    Paquistaneses e afegãos protestam em centro de detenção em Moria, na ilha grega de Lesbos

    Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, o atual sistema é "insustentável". "Diferentes políticas [entre os membros da UE] têm alimentado o 'shopping' de asilos e a migração irregular", afirma.

    Timmermans se refere ao fato de que a maioria dos migrantes e refugiados evita se registrar às autoridades gregas e italianas para tentar ser acolhido em países onde acreditam ter mais perspectivas, como Alemanha e Suécia. No caso alemão, muitos foram estimulados pela inicial política de "braços abertos" da chanceler Angela Merkel, que na prática desconsiderou a regra do país de chegada como responsável pelo processo.

    Uma das sugestões da Comissão é manter o regulamento de Dublin, mas criar um "mecanismo corretivo" em casos de emergência, como agora, para redistribuir os requerentes de asilo entre os 28 países-membros da UE.

    A outra proposta, mais radical, é extinguir o atual sistema e adotar um sistema obrigatório de cotas, independentemente do país em que o migrante ou refugiado tenha chegado. A distribuição seria definida de acordo com o PIB, taxa de desemprego e outros indicadores de cada membro do bloco. Um modelo semelhante foi proposto pela UE em setembro de 2015 para realocar 160 mil migrantes de Grécia, Itália e Hungria, mas até agora só 937 foram reassentados.

    A reforma daria também mais poderes ao Escritório Europeu de Suporte ao Asilo para implementar as mudanças e centralizar os pedidos dentro do bloco. Outro plano é melhorar o Eurodac, sistema que controla as digitais de quem entra no bloco para evitar que alguém peça asilo fora do país de chegada.

    RESISTÊNCIA

    As propostas devem ser apresentadas formalmente em maio e precisam ser votadas no Parlamento Europeu e aceitas pelos governos de cada país-membro para entrar em vigor. Nesta quarta (6), o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, disse que o país defende a reforma do regulamento de Dublin, mas precisa estudar mais o plano da UE.

    O Reino Unido deve se opor, pois já se valeu do atual sistema para deportar a outros países do bloco cerca de 12 mil pessoas desde 2003.

    Outros governos, como os da Hungria e da Eslováquia, já afirmaram que não discutirão um programa permanente de redistribuição de refugiados enquanto a UE não garantir o controle integral de suas fronteiras.

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