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    eleições nos eua

    Em campanha, Ted Cruz tenta se reconciliar com a liberal Nova York

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    07/04/2016 20h46

    Ao atacar os "valores nova-iorquinos" em Nova York, Ted Cruz queimou a largada no Estado de origem de Donald Trump, justo quando sua campanha para ser o candidato republicano à Casa Branca decolava.

    "É a hora da virada!", disse o senador texano ao bater o rival por 13 pontos em Wisconsin, na terça (5).

    Carlo Allegri/Reuters
    Com um quipá, Ted Cruz participa de evento da comunidade judaica no Brooklyn, em Nova York
    Com um quipá, Ted Cruz participa de evento da comunidade judaica no Brooklyn, em Nova York

    Começou mal na batalha pelos 95 delegados (que representam eleitores do partido na convenção nacional na qual se decidirá o vencedor) de Nova York, que votam no dia 19.

    Segundo pesquisa, Trump tem 53% dos votos dos conterrâneos, John Kasich, 22%, e Cruz, 18,6%.

    Protegido do movimento ultraconservador Tea Party, Cruz foi instado, em comício no Bronx, a explicar crítica feita a nova-iorquinos em janeiro. "São os valores martelados pelos liberais democratas por um bom tempo", disse.

    Também criticou o prefeito da cidade, Bill de Blasio, que "prefere criminosos e manifestantes a policiais". ("Seja um homem, seja um líder", respondeu o alcaide em nota.)

    Cruz atraiu cerca de cem pessoas ao Bronx, bem aquém de seus populosos comícios em Wisconsin. Duas delas se destacaram: os irmãos chilenos Rodrigo e Gonzalo Venegas Díaz, do duo de hip-hop Rebel Díaz.

    Eles almoçavam num restaurante sino-dominicano visitado por Cruz. "Ted não tem o que fazer aqui, o Bronx é uma comunidade de imigrantes", disse Rodrigo, expulso do local pela polícia.

    Cruz cancelou a ida à uma escola local após estudantes ameaçarem protestar, e no dia seguinte o "New York Daily News" sugeriu na manchete: "Take the F U Train, Ted!" ("pegue a linha 'foda-se' do metrô, Ted!").

    "Amigos, acho que vocês já podem esquecer Cruz", afirmou Trump em evento na ilha de Long Island.

    Na quinta (7), Cruz pisou em território amigo. Aliado "incondicional" de Israel, o senador fez campanha numa padaria judaica no Brooklyn, onde crianças lhe cantaram músicas ("enrole, enrole, enrole o pão judeu!", e ele enrolou).

    Cerca de 50 judeus ortodoxos pró-Cruz foram ao estabelecimento, a poucos metros do condomínio Trump Village.

    Para o radialista Jimmy do Brooklyn (nome artístico), o recado de Cruz sobre princípios locais foi "música judaica" para seus ouvidos. "Nova York tem quatro milhões das melhores pessoas do mundo. São os outros quatro milhões com que você tem de se preocupar", disse o radialista, lamentando o "prefeito comunista" De Blasio (democrata).

    Com cigarro eletrônico, o cantor Yoel Weiss afirmou que nem toda Nova York é assim, "feia" mesmo é a cidade. "Você vai para cima [do Estado] e é lindo, conservador."

    Houve quem caísse lá por engano. "Vim porque uma amiga minha falou que ele estaria aqui, mas entendi 'Tom Cruise'", disse a auxiliar de limpeza Anna Ferraro, 46.

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