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    Republicanos Trump e Cruz racham grupo ultrarradical Tea Party

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    09/04/2016 17h37

    Ao menos num lugar Donald Trump e Ted Cruz aparecem unidos: os rivais na corrida para ser o candidato republicano à Casa Branca estampam uma camisa à venda por US$ 24,95 (R$ 90) no site do Tea Party.

    Sob a imagem: "The Anti-Establish-Men", trocadilho sobre serem "os homens antiestablishment".

    Há, porém, um racha interno sobre qual dos dois melhor representa o discurso ultraconservador do movimento.

    Mike Segar/Reuters
    Apoiador do pré-candidato republicano Ted Cruz durante evento em Nova York
    Apoiador do pré-candidato republicano Ted Cruz durante evento em Nova York

    Parte do grupo vê motivos de sobra para rejeitar o empresário. Ameaçar 11 milhões de imigrantes com deportação? Isso conta pontos. Ruim é quando Trump ataca um pleito inegociável, o livre mercado. Posições que lhe renderam, entre "puristas" do Tea Party, o apelido "Rino": Republican in Name Only (republicano só no nome).

    Ser um "Rino", de certa forma, é também trunfo entre ativistas energizados pela retórica agressiva do candidato. Para essa parcela do Tea Party, os republicanos falharam em repelir a política "esquerdista" do presidente Barack Obama.

    "Já demos chance aos republicanos. Nunca seriam maioria no Congresso sem nossa ajuda", afirma Amy Kremer, cofundadora do movimento, ao "Los Angeles Times".

    "E Trump é o cara, o macho-alfa", afirmou Danny Joyner, à frente do Alabama Patriots, filiado ao Tea Party.

    Seria a hora e a vez do "pugilista", disse à Folha Vanessa Williamson, doutora por Harvard e coautora do livro "The Tea Party and the Remaking of Republican Conservatism" (o Tea Party e a transformação do conservadorismo republicano). "Trump se beneficiou da disposição em atacar com extremismo imigrantes e estrangeiros."

    Estrela do Tea Party, a ex-candidata a vice-presidente Sarah Palin foi uma das primeiras a apoiá-lo, num discurso repleto de "aleluias" e frases de efeito ("ele vai chutar o traseiro do Estado Islâmico"), em janeiro.

    Porta-voz de sua campanha, Katrina Pierson é prova de como Trump galvaniza um eleitorado eclético.

    Em 2008, ela era uma democrata pró-Obama. Virou a casaca e ingressou numa célula do Tea Party em Dallas (Texas), onde colaborou na campanha de Cruz ao Senado (ele a chamava de "destemida conservadora").

    Provocadora como seu atual chefe, Trump, ela já usou um colar de balas em uma entrevista à CNN.

    NO LUCRO

    Mas alto lá, dizem líderes como Jenny Beth Martin, do primeiro time do Tea Party, de Atlanta. "Nossa organização não é apenas sobre estar com raiva [de Washington], é sobre um conjunto de princípios", afirma. Valores carregados pelo evangélico Cruz, que entrou na disputa presidencial com "selo de aprovação" do Tea Party.

    Trump, por sua vez, "ama mais a si mesmo do que o país", diz Martin. Declarações mais progressistas feitas pelo candidato no passado, como ser pró-aborto, afastarão uma "parcela significante" do Tea Party, afirmou Rick Tyler, ex-colaborador de Cruz, ao site "Politico".

    "O que importa é que os últimos homens em pé são do Tea Party", disse à Folha Taylor Budowich, porta-voz do Tea Party Express, uma das correntes internas mais ativas –e que em breve anunciará se vai apoiar Trump ou Cruz.

    Para Vanessa Williamson, o Tea Party já está no lucro, independentemente do resultado. "Sua força vem de redirecionar o partido para a extrema-direita. Todo candidato neste ano teve de adotar posições mais radicais do que o fariam dez anos atrás."

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