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    Briga expõe tensão entre casal Bill e Hillary Clinton e eleitorado negro

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    12/04/2016 02h00

    Kena Betancur/AFP
    A pré-candidata democrata Hillary Clinton participa de discussão sobre a violência provocada por armas
    A pré-candidata democrata Hillary Clinton participa de discussão sobre a violência provocada por armas

    Uma discussão de 15 minutos entre Bill Clinton e dois integrantes do movimento Black Lives Matter roubou os holofotes de um evento da pré-candidatura de sua mulher, Hillary, à Casa Branca. De quebra, trouxe à tona uma relação de amor e ódio de 25 anos entre o casal Clinton e o eleitorado afro-americano.

    As duas faces da moeda:

    1) Negros odeiam os Clinton. Em 1996, a então primeira-dama culpou jovens "superpredadores" pelo aumento da criminalidade, e muitos viram cunho racial no termo.

    Quando presidente, Bill Clinton aprovou uma regulamentação que expandiu a pena de morte e endureceu punições. Para críticos, a comunidade negra levou a pior —hoje, há seis negros para cada branco preso no país.

    2) Negros amam os Clinton. Deram mais de 80% dos votos a Hillary nas prévias democratas, em Estados sulistas como Virginia e Alabama.

    A simpatia vem de longe. Na campanha de 1992 contra George Bush pai, Bill tocou saxofone na TV no programa do ícone negro Arsenio Hall.

    Era o "cara" que faria os EUA "transcenderem a divisão racial", dizia o "New York Times". Em seus dois mandatos, a renda dos lares afro-americanas subiu 25%, o dobro da média nacional.

    No escândalo com Monica Lewinsky, ganhou apoio de Toni Morrison, a primeira negra a ganhar um Nobel de Literatura, que o descreveu como "primeiro presidente negro dos EUA". "Clinton exibia os traços de negritude: filho de mãe solteira nascido pobre, um garoto do Arkansas que amava 'junk-food'."

    De volta a 2016: numa eleição na qual o voto negro pode ser decisivo, Bill brigou, na semana passada, com ativistas do Black Lives Matter ("vidas negras importam"), na Filadélfia, reagindo a um cartaz sobre os "superpredadores". "Não sei como vocês caracterizariam líderes de gangues que viciavam crianças de 13 anos em crack e as soltavam na rua para matar outros afro-americanos."

    Em artigo, a cofundadora do Black Lives Matter Alicia Garza chamou de "vergonhosa" a tentativa "de atrair eleitores brancos que poderiam migrar [para a oposição].

    O professor da Universidade Princeton Paul Frymer disse à Folha não esperar que Hillary saia prejudicada. "Não há outro candidato, e incluo [o senador democrata] Bernie Sanders, visto pelos negros como alternativa melhor em direitos civis."

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