Depois de quatro meses afastada da capital e da imprensa argentina, a ex-presidente Cristina Kirchner chegou na noite desta segunda-feira (11) a Buenos Aires, onde foi recebida por milhares de pessoas.

Após desembarcar no aeroporto Jorge Newbery, vinda de El Calafate (cidade no sul do país, onde sua família tem hotéis), a ex-mandatária foi acompanhada por uma carreata até seu apartamento no bairro da Recoleta. Ali, acenou da janela e dançou ao som dos que cantavam "vamos voltar, vamos voltar".

Cristina viajou à capital para depor sobre a venda de dólares no mercado futuro a um preço abaixo do de mercado. A Justiça investiga se a operação causou prejuízo aos cofres públicos e se houve uma má gestão de recursos pelo Banco Central.

O movimento diante do aeroporto portenho nesta segunda começou por volta das 20h —duas horas antes do horário previsto para a aterrissagem do avião em que estava Cristina.

A estudante de antropologia Cecilia Alonso, 28, participou do ato por apoiar as políticas sociais adotadas pela ex-mandatária. Entre estas destacou um programa semelhante ao Bolsa Família.

Sem serem questionados sobre similaridades entre os políticos investigados no Brasil e na Argentina, vários manifestantes disseram que a Justiça dos dois países está funcionando para anteder demandas da direita.

O comerciante Roberto Monteagudo, 56, foi um deles. "A direita está avançando com o apoio jurídico", afirmou à Folha.

A dona de casa Janaína Pannoni, 35, disse esperar "que o Brasil se dê conta do que está ocorrendo" e pediu para acrescentar que não faz parte de nenhuma filiação política. "Não somos militantes, somos o povo", destacou.

As organizações políticas ligadas ao kirchnerismo preparam uma vigília para a próxima quarta (13), dia que em Cristina se apresentará à Justiça.