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    Cristina Kirchner se apresenta, mas se nega a depor sobre venda de dólares

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    13/04/2016 12h28

    Agustin Marcarian/Reuters
    Former Argentine President Cristina Fernandez de Kirchner waves to supporters as she leaves her home on her way to a court to answer questions over a probe into the sale of U.S. dollar futures contracts at below-market rates by the central bank during her administration, in Buenos Aires, Argentina April 13, 2016. REUTERS/Agustin Marcarian ORG XMIT: BAS03
    A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner acena para apoiadores ao deixar tribunal em Buenos Aires

    A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner se apresentou na manhã desta quarta-feira (13) à Justiça, mas se negou a falar.

    Convocada a depor sobre a venda de dólares no mercado futuro a um preço inferior ao praticado pelo mercado, Cristina apenas entregou um documento com sua defesa.

    As operações financeiras realizadas pelo Banco Central nos últimos meses do governo kirchnerista podem ter causado um prejuízo de 77 bilhões de pesos (R$ 19 bilhões) aos cofres públicos.

    No texto entregue à Justiça, Cristina culpou o atual presidente, Mauricio Macri, e sua política de desvalorização do peso pelo prejuízo. Afirmou também que estão denunciando "inocentes de cometerem delitos, os quais, se tiverem existido, seriam de responsabilidade exclusiva das atuais autoridades".

    A ex-presidente chegou por volta das 10h ao Tribunal Comodoro Py, onde aguardavam sob a chuva milhares de argentinos. Apesar de não haver conseguido eleger seu candidato à Presidência, Daniel Scioli, a ex-mandatária ainda move multidões no país —ela deixou o poder com mais de 50% de aprovação.

    Na saída do tribunal, Cristina discursou por uma hora e 12 minutos. Desde seu último dia de mandato, em 9 de dezembro do ano passado, ela não falava em público.

    "Podem me convocar 20 vezes. Podem me prender, mas não vou deixar de dizer o que penso", afirmou.

    Ela também se comparou a Juan Perón e disse que seu caso não era o "único de uma ex-presidente perseguida". Ainda atacou o Judiciário, a imprensa e Mauricio Macri. "Imaginem se tivessem encontrado uma conta offshore minha", disse para lembrar que o atual presidente é investigado por ter sido nomeado diretor de empresas constituídas em paraísos fiscais. Para Cristina, a imprensa local está abafando o caso.

    PEREGRINAÇÃO

    Alguns dos apoiadores da ex-mandatária viajaram do interior à capital para acompanhá-la. A professora aposentada Isabel Artura, 65 anos, que mora na Província de Córdoba, passou dez horas no ônibus para participar do ato. "Eu paguei minha passagem, não recebi de ninguém, como dizem por aí", fez questão de dizer.

    A maioria dos manifestantes era formada por aposentados e estudantes, que soltavam rojões, tocavam bumbos e gritavam "terão problemas se tocarem em Cristina".

    Estudante de letras e atendente em uma pizzaria, Diogo Lopez, 27, afirmou que a denúncia contra Cristina é injusta e defendeu a ex-presidente por ela haver adotado medidas de inclusão, como um programa semelhante ao Bolsa Família e bibliotecas populares.

    No início da manifestação, quase não havia policiais no local e militantes controlavam o acesso ao tribunal. Uma jornalista da rádio Mitre, do grupo Clarín, foi agredida por ultrakirchneristas.

    O conglomerado de comunicação é considerado por Cristina um dos maiores inimigos de sua gestão.

    Também foram apoiar a ex-mandatária seu vice-presidente Amado Boudou, que está sendo processado por corrupção, e algumas representantes do movimento Mães da Praça de Maio.

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