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    Terror na Europa

    Ministra belga renuncia ao ser acusada de ignorar relatórios de segurança

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    15/04/2016 10h18

    Nesta sexta (15), três semanas após os atentados em Bruxelas, a ministra dos transportes belga, Jacqueline Galant, renunciou ao cargo, acusada de ignorar relatórios que advertiam para graves problemas na segurança dos aeroportos do país.

    A ministra enfrentava críticas desde os ataques terroristas no aeroporto da capital belga e em uma estação de metrô que mataram 32 pessoas e deixaram 270 feridos. As ações foram reivindicadas pelo Estado Islâmico. Os documentos da Comissão Europeia apontavam "sérias deficiências" na segurança, incluindo a detecção de artefatos explosivos.

    O último relatório, de abril de 2015, emitido após uma visita ao aeroporto da Antuérpia, afirmava que a Bélgica seguia "sem se adequar" às regras. Galant negou ter recebido as avaliações críticas da Comissão Europeia, mas um funcionário de alto escalão de sua administração, Laurent Ledoux, que renunciou na quinta-feira (14), afirmou que havia alertado o gabinete da ministra e pedido, em vão, meios adicionais para a segurança dos aeroportos.

    Ledoux disse que, a pedido dele, "foi organizada uma reunião no dia 27 de março de 2015 com o gabinete [da ministra] para discutir os resultados preliminares da auditoria da Comissão" e que o "relatório da auditoria foi transmitido ao gabinete" de Galant em 29 de junho do mesmo ano.

    O funcionário também pediu a um especialista independente dois relatórios sobre a segurança nos aeroportos após os atentados de janeiro de 2015 em Paris. "A ameaça de um atentado era no passado hipotética, mas a situação internacional nos impõe considerar esta probabilidade com maior atenção", escreveu o especialista, segundo o jornal belga "Libre Belgique", que publicou nesta sexta-feira alguns trechos do documento.

    Depois que sua renúncia foi confirmada, Galant disse estar "consternada com a encenação da renúncia" de Ledoux. "Em sua cruzada midiática, ele arrasta toda uma administração e a afunda em polêmicas", disse ela.

    A agora ex-ministra também acusou o funcionário de aproveitar "o clima de inquietação atual, marcado pelos terríveis atentados de 22 de março". "A confusão orquestrada e teatral destas últimas 48 horas me impedem de continuar", acrescentou.

    Até quinta-feira, o primeiro-ministro Charles Michel defendia a atuação de sua ministra, mas, nesta sexta-feira, anunciou que retirava seu apoio. Ainda não há a definição de quem ocupará o cargo, mas Michel afirma que um novo nome será indicado o quanto antes.

    O aeroporto de Bruxelas é um dos maiores da Europa, por onde passam cerca de 23,5 milhões de passageiros e 489 mil toneladas de carga. Zaventem conecta a capital da Bélgica a 226 destinos internacionais, envolvendo 77 companhias aéreas diferentes.

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