A Câmara dos Deputados decide, neste domingo (17), o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se ao menos 342 parlamentares, entre os 513 da Casa, votarem a favor, o processo seguirá seu rito.
Veja como diferentes órgãos da imprensa estrangeira estão relatando a situação política no Brasil:
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ESTADOS UNIDOS
THE NEW YORK TIMES
Para o "The New York Times", "o processo de impeachment vem sendo extremamente polarizador, provocando estridentes protestos de rua, rompendo amizades e provocando uma ansiedade generalizada sobre o potencial impacto na democracia brasileira, que emergiu em 1985 após décadas de regime militar".
Em matéria publicada no sábado (16), o "The New York Times" relatava que a presidente Dilma Rousseff havia perdido apoio de antigos aliados.
"Mas, com a presidente Dilma Rousseff à beira do impeachment, é difícil encontrar apoio entre eleitores da classe trabalhadora que já foram a base do Partido dos Trabalhadores, grupo de esquerda que enfrentou os militares há uma geração e chegou ao poder prometendo uma sociedade mais justa."
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Para o "The New York Times", "o processo de impeachment vem sendo extremamente polarizador" |
THE WALL STREET JOURNAL
Para o "The Wall Street Journal", a democracia brasileira está sendo testada: "O potencial impeachment representa um risco e cria um sério teste para a democracia no Brasil, um país há tempos atormentado por turbulências políticas e econômicas, em que, até agora, quatro de oito presidentes eleitos desde 1950 não conseguiram terminar seus mandatos".
O jornal cita Melvyn Levitsky, embaixador americano no Brasil entre 1994 e 1998: "Este é um país que é a sétima, ou a oitava, maior economia do mundo, em que o sistema político é completamente bagunçado (...) É como uma telenovela".
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Para o "The Wall Street Journal", a democracia brasileira está sendo testada |
CNN
A rede americana CNN chamava atenção ao momento em que ocorre o processo de impeachment: "Se a moção for aprovada, a presidente Dilma Rousseff poderia ser suspensa no início de maio. Isso seria três meses antes do início das Olimpíadas no Rio de Janeiro, evento que deveria exibir o Brasil como um poder ascendente no cenário global".
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Matéria no site da CNN Internacional sobre processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff |
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REINO UNIDO
THE GUARDIAN
O jornal britânico disse que o governo sofreu uma "derrota esmagadora enquanto um Congresso hostil e manchado pela corrupção votava pelo impeachment". O diário classificou o fim da sessão como uma "noite negra", em que o "ponto mais baixo" foi o voto do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), dedicado ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), ex-chefe do DOI-Codi, centro de torturas durante a ditadura militar.
O jornal também destacou a transmissão ao vivo da sessão em telões nas ruas: "as multidões foram mais civis que os seus representantes eleitos"
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Segundo o "The Guardian", Dilma foi julgada por um "Congresso hostil e manchado pela corrupção" |
FINANCIAL TIMES
O "Financial Times" relatou uma "atmosfera de carnaval" em Brasília, em frente ao Congresso Nacional: "com organizadores mesclando entretenimento ao vivo com discursos políticos e alguns manifestantes bebendo cerveja".
Segundo o jornal, a queda de Dilma é desejada pelo setor econômico, e um possível governo de Michel Temer, "nome pouco conhecido entre eleitores", teria o apoio do mercado e da indústria, "dando a ele uma curta lua de mel para tentar reequilibrar as afundadas finanças públicas do Brasil e introduzir algumas reformas".
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Segundo o "Financial Times", a queda de Dilma é desejada pelo setor econômico |
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ARGENTINA
CLARÍN
O "Clarín" dava grande destaque à situação no Brasil. Às 15h30 (horário de Brasília), o jornal tinha como manchete em seu site a chamada "Brasil: se aproxima a votação do impeachment de Dilma, e cresce a tensão". A sessão na Câmara era transmitida ao vivo em vídeo.
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Homepage do "Clarín" destacava a votação na Câmara dos Deputados |
LA NACION
O "La Nacion" também destacava a votação na Câmara na manchete de seu site, enfatizando a importância do Brasil no cenário internacional: "o país mais influente da América Latina e um dos maiores sócios comerciais da Argentina".
No entanto, criticava o clima na Casa, em que legisladores gritavam "Fora PT!", enquanto outros levantavam cartazes com os dizeres: "Não ao golpe": "Um cenário mais condizente com uma partida de futebol do que com um dos momentos mais importantes da história da Câmara".
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Homepage do jornal argentino "La Nacion" dava destaque à situação política no Brasil |
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VENEZUELA
EL UNIVERSAL
Para o "El Universal", o Brasil atravessa seu momento político mais crítico na história recente: "As ruas do país, tribunas do momento político mais crítico desde que o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao poder, em 2003, se tingiram desde sexta de verde e amarelo por um lado, e de vermelho, pelo outro".
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Para o "El Universal", o Brasil atravessa seu momento político mais crítico na história recente |
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FRANÇA
LE MONDE
A votação na Câmara era a manchete do site do "Le Monde". O jornal destacava como o processo de impeachment era "beneficiado pelo apoio politico (indispensável) de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, antigo aliado e hoje inimigo jurado de Dilma Rousseff".
Segundo o diário, "até o último momento ela [Dilma] acreditou (...), mas agora tem poucas chances de terminar seu segundo mandato".
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A votação na Câmara era a manchete do site do jornal francês "Le Monde" |
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ESPANHA
EL PAÍS
Segundo o "El País", Dilma enfrenta neste domingo (17) "o dia mais tenso do seu governo". O jornal fazia cobertura ao vivo de minuto a minuto da situação na Câmara e nas ruas de São Paulo.
Logo após o voto 342 pelo "sim" à abertura do processo, o site fez uma ressalva: "Lembrem-se: Rousseff segue sendo presidente de momento"
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Para o "El País", Dilma enfrenta neste domingo (17) "o dia mais tenso do seu governo" |
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LÍBANO
DAILY STAR
O diário libanês "Daily Star" destacava, em sua cobertura sobre a votação na Câmara, a possibilidade de que o vice-presidente Michel Temer —de origem libanesa— assuma o poder no Brasil. O texto descrevia o vilarejo da família de Temer, no Líbano, e o histórico de migração libanesa ao Brasil.
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O diário libanês "Daily Star" destacava a possibilidade de que Michel Temer assumisse o poder |
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TURQUIA
HURRIYET
Um dos textos mais lidos no site do jornal turco "Hurriyet" neste domingo era uma coluna de opinião sobre a "crise de corrupção" no Brasil.
Escrito por Gwynne Dyer, ele defende que o processo de impeachment de Dilma é "ridículo".
"Esta não é uma república da banana. Este é o Brasil, um país com 200 milhões de habitantes e a sexta economia do mundo. Ainda assim, toda a classe política é suspeita de comportamento criminoso, e dia após dia as ruas ficam cheias de manifestantes furiosos", afirma a coluna.
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Coluna de opinião sobre a "crise de corrupção" no Brasil no site do jornal turco "Hurriyet" |
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QATAR
AL JAZEERA
No site da "Al Jazeera", a jornalista Lucia Newman, editora de assuntos relacionados à América Latina, defendeu que o processo de impeachment da presidente Dilma está menos relacionado a suspeitas de crime de responsabilidade fiscal e mais à situação econômica do país e ao escândalo da Lava Jato.
"Nas deliberações que levaram ao seu voto no domingo, um deputado de oposição após outro ignorou as acusações formais contra a presidente para justificar seu pedido pelo impeachment. Em vez disso, eles insistiram que Dilma deve ir porque ela destruiu a economia brasileira, levando o país a uma profunda recessão"
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Site da "Al Jazeera" dá destaque à votação na Câmara sobre o impeachment da presidente Dilma |