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    eleições nos eua

    Primária em Nova York é disputa em casa para três presidenciáveis

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    19/04/2016 02h00

    Associated Press/Reuters
    Os pré-candidatos à Casa Branca Hillary Clinton, Bernie Sanders e Donald Trump
    Os pré-candidatos à Casa Branca Hillary Clinton, Bernie Sanders e Donald Trump

    Frank Sinatra cantava em "New York, New York" que, se conseguisse se dar bem na cidade, conseguiria se dar bem em qualquer lugar. É nesse espírito que quatro dos cinco pré-candidatos a presidente dos EUA encaram as prévias partidárias no Estado nesta terça (19).

    Vitórias nessa etapa são cruciais para os republicanos Donald Trump e John Kasich manterem o fôlego. O empresário espera conquistar a maioria dos 95 representantes estaduais e ficar mais perto da meta de 1.237 delegados –o mínimo para ser ungido candidato na Convenção Republicana, em julho.

    Sem isso, o partido decide seu candidato numa convenção disputada, em que os delegados ficam livres para votar sem seguir as urnas. Perigo para Trump, persona non grata na cúpula republicana.

    Votos na convenção partidária dos Republicanos -

    Para Kasich, a prata terá gosto de ouro. Se ficar à frente do senador pelo Texas, Ted Cruz, o governador de Ohio se fortalece como terceira via.
    O duelo democrata tem cara de disputa local: projeções mostram a ex-senadora por Nova York Hillary Clinton, nascida em Chicago, 12 pontos à frente de Bernie Sanders, senador de Vermont nascido no Brooklyn.

    A desvantagem para Trump e Sanders é o fato de o Estado ter uma primária fechada, em que só vota quem for registrado no partido. "Os dois têm muito apoio entre eleitores independentes", diz o professor da Universidade Columbia Robert Shapiro.

    Votos na convenção partidária dos Democratas -

    ATOS DE CAMPANHA

    A Folha acompanhou os comícios os últimos dias. Fica a lição: se tudo acabar em pizza, esqueça o garfo –não é um hábito local. Kasich teve de se desculpar por usar talher ao provar uma fatia ("estava pelando!") e ainda foi acusado de querer chamar a atenção.

    E nisso ninguém barra Trump, estrela do baile republicano no Grand Hyatt no qual 800 convidados (a US$ 1.000 o ingresso) apreciaram morangos com chocolate esculpidos como elefantes, o mascote da legenda.

    Mas é preciso tirar o elefante —Cruz— da sala, que dias antes atacara os "valores nova-iorquinos". Conservador demais para Nova York, o senador pelo Texas chega à primária em sua pior forma: 18% nas pesquisas, atrás de Kasich (23%) e Trump (52%).

    No baile de gala, seu discurso passou batido. As atenções estavam em outro lugar.

    Do lado de fora do salão,um rapaz se apresenta como Trump Júnior. Sem dar seu nome verdadeiro, para não ter "problemas no trabalho", ele segurava um boneco do ídolo "que fala 17 frases". A preferida: "Você está demitido!" (o bordão de Trump em "O Aprendiz").

    Era o contraponto para um grupo de manifestantes anti-Trump, que entoam gritos ironizando slogans do candidato, como "make America gay again" (faça a América gay de novo, em vez de "faça a América grandiosa de novo"). Cartazes mostram o magnata cavalgando um arco-íris.

    Hillary x Trump - Cenário possível para a eleição geral norte-americana, em %

    Hillary x Cruz - Cenário possível para a eleição geral norte-americana, em %

    Sanders x Trump - Cenário possível para a eleição geral norte-americana, em %

    Sanders x Cruz - Cenário possível para a eleição geral norte-americana, em %

    É uma juventude que prefere Bernie Sanders, onipresente em Manhattan: como temas de livros para colorir à venda na famosa livraria Strand, no qual aparece sem camisa, musculoso, e em camisas à venda por US$ 25 (R$ 90) na loja Urban Outfitters.

    Na quarta (13), cerca de 25 mil foram ao Washington Square Park apoiar o senador de 74 anos, que tem como cabos eleitorais os atores Mark Ruffalo, Susan Sarandon e Rosario Dawson e os cineastas Spike Lee e Tim Robbins, além de bandas alternativas como Vampire Weekend.

    Até Hillary, que encontra dificuldades entre o eleitorado jovem, teve seu momento Hollywood, com George Clooney de anfitrião numa festa para arrecadar fundos na Califórnia. O preço do ingresso (US$ 33 mil) a fez alvo de protesto, com direito a dólares jogados contra seu carro.

    Depois da cena, em Nova York, a ex-secretária de Estado preferiu andar de metrô. Sem jeito, passou cinco vezes o bilhete para abrir a catraca.

    Não que Sanders passe no teste: em entrevista, ele disse que usaria fichas para o transporte, sistema substituído há 13 anos.

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