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    Famílias vivem angústia durante buscas por sobreviventes no Equador

    DIEGO ZERBATO
    ENVIADO ESPECIAL A MANTA (EQUADOR)

    19/04/2016 17h36

    O rio Manta separa o centro e o porto da cidade homônima de Tarqui. Desde o forte terremoto do último sábado (16) no Equador, porém, o curso d'água divide também a região que passou quase ilesa pelo abalo de outra destruída.

    No bairro, os hotéis da beira-mar foram muito afetados e um deles, o Miami, caiu com 27 pessoas dentro. Na tarde desta terça (19), ainda havia dez desaparecidos.

    Dentre eles, está o colombiano Victor Flores, 24. O engenheiro, que mora em Guayaquil, estava havia uma semana em Manta para fazer um trabalho no porto, de onde sai a maior parte do atum pescado pelo país.

    A namorada de Flores, Inés Ponce, 26, disse que a última vez que se falaram foi às 18h. "Vi que a mensagem que enviei a ele pelo WhattsApp tinha chegado às 18h33. Depois, não recebi mais resposta."

    Ponce chegou no domingo (17) a Manta, junto com a mãe e os irmãos de Flores, que vieram do país vizinho. Desde então, ela está no acampamento das equipes de resgate ao lado do prédio.

    Desolados e com as esperanças mais reduzidas de encontrá-lo vivo, eles se reúnem cada vez que bombeiros e voluntários trazem roupas e pertences achados entre as lajes do antigo prédio.

    Até o início da tarde, no entanto, nenhum corpo havia sido encontrado no hotel Miami, diferentemente de segunda (18), quando três foram recuperados.

    Participante das buscas, a médica Lisette Miranda disse que o mais tenso e comovedor deles foi o encontro do corpo do recepcionista do hotel, identificado como Bryan.

    "O corpo estava prensado entre uma laje e outra, quase desfigurado. A mãe dele o reconheceu por suas tatuagens e pela camiseta com a marca do hotel", disse.

    As equipes no hotel Miami receberam a colaboração de bombeiros peruanos e grupos vindos da Colômbia.

    Segundo o Ministério do Interior, o número de mortos chegou a 480. Há mais de 2.000 feridos.

    MEIO DA RUA

    Só pelo meio da rua é possível andar nas quadras que ficam atrás da orla de Tarqui. Há postes caídos em vários lugares, fios desencapados no chão e mais escombros.

    Nas mais destruídas, onde há casas caídas por inteiro, o Exército e a polícia impedem a passagem de pessoas que não sejam moradores ou as equipes de resgate.

    Alguns moradores carregam camionetes com os pertences que sobraram. Eles aproveitam a parada nas réplicas intensas para deixar o bairro

    Para os que não têm para onde ir, resta tentar preservar o resto e esperar a ajuda do governo. É o caso de David, cujo sobrado onde morava com mais nove parentes partiu ao meio depois do terremoto.

    Dois deles foram levados feridos a hospitais de Guayaquil. Os que sobraram dividem o que sobrou de comida e água, que tiveram aumento de preço nos últimos dias.

    "Estão cobrando US$ 4 em um galão de 20 litros de água. É um absurdo que eles se aproveitem desse momento. E o governo prometeu trazer um carro-pipa, mas até agora nada", reclamou.

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