Nos novos desdobramentos do caso da venda de dólares no mercado futuro, o atual presidente do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, e o juiz federal Claudio Bonadio, responsável por várias ações contra políticos kirchneristas, foram denunciados pelo Ministério Público Federal.
A Justiça investiga a comercialização de dólares a um preço inferior ao de mercado que pode ter causado um prejuízo de 77 bilhões de pesos (R$ 19 bilhões) aos cofres públicos. Essas operações financeiras foram realizadas entre outubro e novembro do ano passado, quando Cristina estava na Presidência.
A coligação Frente para a Vitória, da qual a ex-mandatária faz parte, porém, apresentou uma contra denúncia, em que afirma que as atuais autoridades foram as responsáveis pelo prejuízo.
Enrique Marcarian/Reuters | ||
O atual presidente do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, em fórum em Buenos Aires |
Sturzenegger será investigado por supostos abuso de autoridade e violação dos deveres de funcionário público, enquanto Bonadio, por prevaricação. Cabe a um juiz federal levar o caso adiante ou arquivá-lo.
O próprio Bonadio é quem lidera a causa dos dólares no mercado futuro e foi quem convocou a ex-presidente Cristina Kirchner para depor na semana passada.
A apresentação à Justiça, em Buenos Aires, obrigou Cristina a deixar a província de Santa Cruz, berço do kirchnerismo, no sul do país, pela primeira vez desde que deixou o poder, em dezembro. Na capital, ela foi recebida por milhares de seus seguidores.
Um dia após sua apresentação, a ex-dirigente denunciou Bonadio ao Conselho de Magistratura e pediu que ele fosse removido do cargo por considerar que havia sido chamada a depor de modo ilegal.
"É surpreendente em termos jurídicos que tenham me convocado a uma indagatória quando não existe nenhuma menção e muito menos uma denúncia contra mim", afirmou.
Nesta semana, ela disse que familiares e amigos do atual presidente, Mauricio Macri, haviam se beneficiado ao comprar os dólares futuros. Eles teriam supostamente fechado o negócio porque tinham informações privilegiadas –sabiam que, se Macri fosse eleito, o peso seria desvalorizado.
A promotoria pediu uma lista completa das pessoas que compraram os dólares no fim do ano passado.