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    Análise

    'Superterça' testa versão bom-moço de Donald Trump

    ROGÉRIO ORTEGA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    26/04/2016 02h00

    Brendan McDermid/Reuters
    O pré-candidato republicano Donald Trump faz campanha na Pensilvânia nesta segunda-feira (25)
    O pré-candidato republicano Donald Trump faz campanha na Pensilvânia nesta segunda-feira (25)

    Em mais uma "superterça" dentro do calendário de prévias, eleitores democratas e republicanos vão às urnas neste dia 26 em cinco Estados dos EUA (Connecticut, Delaware, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island).

    Do lado democrata, o processo deve transcorrer sem surpresas.

    Hillary Clinton, que bateu o senador por Vermont Bernie Sanders na prévia mais recente —Nova York, no último dia 19—, é favorita nos cinco Estados, por larguíssima margem na Pensilvânia (onde está em jogo o maior número de delegados democratas do dia, 210) e em Maryland, segundo a média das pesquisas.

    Etapa crucial

    Editoria de Arte/Folhapress

    Além disso, a secretária de Estado do primeiro mandato de Barack Obama mantém enorme vantagem sobre Sanders (516 a 39) entre os "superdelegados" democratas, aqueles que podem votar na convenção do partido, em julho, sem obedecer aos resultados nos Estados.

    Como de hábito nesta eleição, o jogo está mais interessante do outro lado, o republicano.

    Depois de vencer em Nova York, Donald Trump passará por um teste do que é alardeado como sua nova tática de campanha —uma espécie de "Trump paz e amor".

    A contratação do veterano estrategista Paul Manafort, que trabalhou com o então presidente Gerald Ford para que ele superasse Ronald Reagan e garantisse a candidatura republicana em 1976, não visa só fazer com que Trump assegure os 1.237 delegados de que precisa para ser o candidato do partido.

    Pelo andar da carruagem —ou da limusine—, o bilionário, muito à frente do senador Ted Cruz nas pesquisas nos cinco Estados em jogo, continua sendo o candidato anti-Obama mais bem posicionado para chegar a esse número (ele já tem 845).

    Manafort na chefia da campanha é também, talvez principalmente, um aceno ao establishment do partido —os caciques republicanos, que não conseguiram emplacar nenhum de seus nomes favoritos e, como disse Zagallo à torcida brasileira, estão tendo de engolir uma celebridade de TV e um integrante do Tea Party como únicos nomes viáveis contra os democratas.

    O novo estrategista-chefe de Trump já disse explicitamente que o magnata reconhece a necessidade de mudar o diapasão de sua campanha e trabalhar com a cúpula do partido, da qual ele sempre desdenhou.

    O objetivo é não só amaciar resistências caso, no fim das contas, o bilionário não obtenha o mínimo de 1.237 delegados necessários, mas também tentar unir desde já em torno de sua candidatura, caso ela se confirme, um partido superfragmentado.

    Resta saber se o "outsider" Trump abandonará o estilo boquirroto, deixa-que-eu-chuto, de participante polêmico de reality show e seguirá à risca esse novo script de bom menino.

    E, sobretudo, se essa mudança surtirá efeito eleitoral.

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