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    eleições nos eua

    Rodada de prévias guarda passado e futuro de Hillary Clinton

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL A SCRANTON (PENSILVÂNIA)

    26/04/2016 02h00

    Lá nasceram o vice-presidente, Joe Biden, e o pai da ex-secretária de Estado Hillary Rodham Clinton —na sexta (22), ela foi à cidade onde passava férias na infância, menos por saudosismo e mais pela campanha para ser a candidata à Casa Branca.

    Mas Scranton, para Jennifer, 16, tem marcas mais interessantes. "Sabia que [a série] 'The Office' se passava aqui? E que somos os maiores bêbados dos EUA?"

    Hillary Clinton campaign/The New York Times
    Hillary Clinton (2ª à esq.) com seu pai, Hugh Rodham, o irmão, Hugh Jr, e a mãe, Dorothy
    Hillary Clinton (2ª à esq.) com seu pai, Hugh Rodham, o irmão, Hugh Jr, e a mãe, Dorothy

    Ziguezagueando sob um skate em um domingo (24) de sol, a jovem fala da série de TV ("imagina se Michael Scott fosse presidente e Dwight o vice", especula sobre dois personagens centrais) e do posto de "cidade com maior potencial de ressaca" dado pelo site "Business Insider" (há um bar por 2.800 habitantes, e 21% da população diz beber demais).

    Etapa crucial

    Editoria de Arte/Folhapress

    Jennifer, nova demais para álcool e urnas, cresceu numa família que ora votava "azul" (democratas), ora "vermelho" (republicanos).

    Seu lar é um microcosmo da Pensilvânia, onde a preferência partidária varia e onde as diferenças entre o oeste industrial, o miolo agrário e o leste superurbanizado "hipster" são profundas.

    Scranton serve para outra amostra: a ascensão e queda da cidade operária, que comemora 150 anos em 2016 e ainda reclama para si o título de "Cidade Elétrica". Com a crise econômica, veio o apagão: os empregos se foram, e metade da população idem —hoje, cerca de 75 mil moram lá.

    Sem saber "o que quer ser quando crescer" ("desempregada?"), Jennifer não liga para quem ganhar nesta terça (26), quando cinco Estados realizam prévias partidárias em uma rodada crucial.

    A Pensilvânia tem quase metade dos 384 delegados no páreo democrata —eles representam o voto popular na convenção do partido que decidirá entre Hillary e Bernie Sanders. Os cinco redutos somam ainda 78 superdelegados, líderes partidários livres para escolher quem quiser.

    Para Sanders, pode ser o fim da linha. Ele tem 1.192 delegados e, sem os votos de amanhã, teria de conseguir 100% de apoio popular e 72% dos superdelegados nas 14 prévias que restam. Até agora, sua média: 44,5% entre eleitores e 5% com as lideranças.

    Por telefone, Hazel Price lembra de "Hillary chorando na maternidade". Ela e a mãe da democrata, nativa de Chicago que criou a filha na cidade natal, ficaram grávidas no mesmo ano, 1947.

    Com 91 anos "mantidos à base de chocolate", Hazel atua como porta-voz local daquela "garotinha que só tirava A na escola". A amiga da família Rodham é também um retrato do eleitorado local, segundo Michael Allison, chefe do departamento de ciências sociais da Universidade de Scranton.

    "A cidade tem reputação de eleger democratas que querem que o governo ajude a economia, mas é contra aborto e casamento gay."

    Não à toa, diz o professor, Hillary veio à cidade e, apesar de defender o controle de armas, "enfatizou como aprendeu a atirar na casa de campo da família".

    É dia de bingo. Na mesa, a republicana Sally Miller, 73, é categórica: Hillary "se acha espertinha demais". Qualquer coisa é melhor do que "o comunista", diz uma (sobre Sanders). Outra aprova: "Com ele, o país vai virar aquilo que deixo na privada".

    Perto dali, Jennifer desliza o skate sobre uma calçada onde se lê, a giz, "a vida é dura, mas você é mais". Não sabe o que pensar da conterrânea. "Meus amigos dizem que Hillary parece uma bruxa, mas isso é meio machista, né?"

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