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    eleições nos eua

    Donald Trump se rearma para reta final de prévias republicanas

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL À FILADÉLFIA

    26/04/2016 22h39 - Atualizado às 23h22

    Teve vida curta a versão "paz e amor" de Donald Trump, orquestrada por seu novo estrategista, Paul Manafort (ex-Gerald Ford, Ronald Reagan e clã Bush).

    Após vitória esmagadora em Nova York, o pré-candidato à Casa Branca ensaiou baixar o tom. Até se referiu com respeito aos rivais republicanos: "senador Ted Cruz" e "governador John Kasich".

    Às vésperas das prévias em cinco Estados nesta terça (26), Trump distribuiu sopapos. Em Connecticut, ressuscitou o apelido predileto para o senador do Texas, "Ted Mentiroso". A democrata Hillary Clinton, com quem ele espera disputar a Casa Branca em novembro, é "Hillary Trapaceira" e soa robótica.

    A quem espera retidão tática dele, como aceno à cúpula republicana que o rejeita, avisou: "Se eu fosse mais presidenciável já, vocês dormiriam". A plateia delirou.

    Por que Trump voltou à velha e irascível forma?

    A votação desta terça ajuda a entender. Ele venceu nos cinco Estados onde houve prévias —Pensilvânia, Maryland, Connecticut, Rhode Island e Delaware.

    Mas, ainda que ganhe no voto popular, Trump pode ser "traído" pelos representantes partidários locais. Cada Estado tem suas regras, e na Pensilvância —o grande prêmio da noite— o eleitor vota antes no candidato e depois em três delegados de seu distrito eleitoral.

    O vencedor nas urnas conquista automaticamente 17 representantes partidários, obrigados a votar nele na convenção nacional, que ungirá a chapa republicana de 2016.

    Restam 54 delegados avulsos, que apoiam qualquer um dos três nomes. Na prática, Trump só saberá se colheu os frutos dessa Estado em julho, na convenção nacional.

    Há dias ele repete que o sistema é "viciado", acusação à qual voltou na segunda (25), após a anunciada aliança entre Kasich e Cruz —alvo de críticas de analistas pela fragilidade.

    A dupla combinara que Kasich abdicaria de Indiana, e Cruz, de Oregon e Novo México, tentando fortalecer um ao outro e evitar mais vitórias de Trump, que busca os 1.237 delegados necessários para se tornar candidato e se livrar da "convenção disputada" (quando os delegados não seguem as prévias estaduais).

    "É claro que ele [Trump] está furioso", afirmou à Folha Ellen Kennedy, professora da Universidade da Pensilvânia. O erro do magnata, para ela, é tratar a política como trata seu habitat natural. "Nos negócios, o contrato que as partes assinam é claro. Na política, tudo muda de repente."

    Trump já frequentou a Universidade da Pensilvânia, como aluno de sua Escola de Negócios. Chegou em 1966, num Ford conversível, e revelou em classe seus planos: "Serei o rei do mercado imobiliário em Nova York".

    Cinquenta anos depois, quer governar o país. Para tanto, porém, precisa entender que a eleição é um "concurso de beleza", e agora somar delegados é o que conta, diz o consultor político Larry Ceisler em teleconferência.

    Por isso Indiana, que vota dia 3 e entrega 57 delegados ao campeão, será crucial para a sobrevida de Cruz e Kasich. "É um dos Estados mais conservadores do país, evangélico [como o senador]. Se não detiverem Trump lá, não o deterão em nenhum lugar."

    Etapa crucial

    DEMOCRATAS

    Hillary Clinton, que se aproximou da candidatura nesta nesta terça, recebeu o afago improvável de Charles Koch, dono da nona maior fortuna do mundo em 2016, segundo a "Forbes" (US$ 43,5 bilhões).

    Com o irmão e sócio David, ele já irrigou com dinheiro diversos lobbies conservadores, como o anti-impostos e o antiambientalista. Sua causa maior, agora, é barrar Trump.

    À rede ABC, afirmou que é "possível" que Hillary seja mais palatável do que qualquer republicano na corrida.

    Acusada por Bernie Sanders de ser a "candidata dos poderosos", a ex-secretária de Estado não deve se livrar tão cedo do oponente.

    Ela tem folga no placar de delegados, mas, ainda que a matemática o freie, a Sanders interessa arrastar o duelo até a convenção partidária, diz Ceisler, para quem "a cabeça do eleitor está com Hillary, e o coração, com Sanders".

    "Ele sabe que não será candidato, mas quer passar seu recado e fazer com que ela adote parte de seus planos."

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