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    Análise

    Após iniciar campanha como piada, Trump ri por último

    LUCIANA COELHO
    EDITORA DE "MUNDO"

    04/05/2016 00h56

    Pouca gente levou a sério quando Donald Trump anunciou, em junho de 2015, que disputaria a candidatura republicana à Casa Branca. O site Huffington Post chegou a cobrir a campanha como entretenimento, dada sua atuação em reality show e os factoides que produzia.

    De lá para cá, porém, seus detratores pouco sorriram. Um a um, 15 de seus 16 adversários caíram, a maioria vítima da própria inépcia.

    Lucy Nicholson-28.abr.16/Reuters
    Republican U.S. presidential candidate Donald Trump waves to supporters after speaking at a campaign rally in Costa Mesa, California, U.S., April 28, 2016. REUTERS/Lucy Nicholson ORG XMIT: LUC01
    Donald Trump faz comício em Costa Mesa, na Califórnia, Estado que tem prévias, em 7 de junho

    Resta o anódino John Kasich, cuja performance é pior do que a dos desistentes Marco Rubio, queridinho da cúpula, e Ted Cruz, estrela ultraconservadora que capitulou após uma sequência de derrotas humilhantes e que nunca foi abraçado realmente pelos líderes republicanos.

    Diante de alternativas tão tíbias, o movimento anti-Trump arrefeceu. Com o apoio ao empresário nas urnas crescendo prévia após prévia na mesma medida que o partido o rejeitava, a cúpula foi obrigada a rever seu anseio por barrá-lo com uma revisão de regras.

    Soa como tragédia grega: quanto mais o Partido Republicano fugiu de Trump, mais ele correu em sua direção. A menos que uma inesperada hecatombe ocorra entre agora e a convenção partidária, em julho, Trump será o candidato republicano em 8 de novembro, provavelmente contra Hillary Clinton.

    Nada mais natural, já que nos últimos anos a agremiação alimentou o discurso da revolta contra a política tradicional, ignorou seus nomes mais respeitáveis (como o senador e ex-candidato John McCain) e pregou a polarização e o desacordo, inflexível.

    Seja qual for o resultado em novembro, a elite conservadora americana terá que rever o corolário, examinar os quadros e repensar a forma de se comunicar se quiser colar os cacos da base sem desampará-la. Democratas também podem tirar lições daí.

    Embora Hillary apareça seis pontos à frente nas pesquisas atuais que a contrapõem ao bilionário, as chances dele não são pequenas. Com uma longa história política, ela tem um imenso telhado de vidro que oferece alvo amplo a Trump, agora livre dos ataques aos (e dos) correligionários.

    Resumido a poucas frases de efeito, o discurso de Trump, centrado em comércio exterior, empregos e desilusão com suposta perda da grandeza americana, tem calado fundo, sobretudo num eleitorado deixado em segundo plano desde o início dos anos Bush: a classe média baixa branca menos escolarizada. Ecoa também entre os que veem no sucesso e no voluntarismo valores a cobiçar e os que perderam a paciência com a política atual.

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