• Mundo

    Sunday, 05-May-2024 15:09:03 -03

    eleições nos eua

    Análise

    O que Hillary precisa fazer para derrotar Trump

    MICHAEL KEPP
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    04/05/2016 18h26

    A inesperada retirada de Ted Cruz depois da derrota para Donald Trump na prévia em Indiana, na terça (2), levou o candidato populista, polarizador e estranho à elite política a garantir a candidatura republicana à Presidência dos EUA, e fez de Hillary Clinton, sua provável rival em novembro, seu alvo.

    Trump definiu Cruz como "oponente difícil", deixando a cortesia apenas para aqueles a quem derrota. Contra rivais, ele dispara insultos e campanhas de difamação.

    Spencer Platt - 3.maio.2016/Getty Images/AFP
    Magnata republicano Donald Trump fala a partidários após vitória nas primárias de Indiana
    Magnata republicano Donald Trump fala a partidários após vitória nas primárias de Indiana

    Trump já montou uma campanha para forçar o presidente Barack Obama a divulgar sua certidão de nascimento, alimentando uma teoria conspiratória racista segundo a qual Obama teria nascido no Quênia, sendo assim inelegível à Presidência.

    No dia da prévia em Indiana, Trump afirmou que o pai de Cruz esteve com o homem que matou John Kennedy pouco antes que este matasse o presidente, em 1963, repetindo a afirmação dúbia de um jornal sensacionalista.

    Hillary, vítima de décadas de falsas acusações, provavelmente será mais fria ao atacar Trump do que Cruz.

    A campanha da ex-secretária de Estado, ciente de que não é sábio competir com Trump em insultos, já sinalizou que retratará o magnata como um candidato de alto risco cujo temperamento instável e declarações desprovidas de conteúdo em política interna e externa ilustram o seu despreparo para ser presidente e comandante-em-chefe das Forças Armadas.

    Após a vitória de Trump em Indiana, John Podesta, chefe de campanha de Hillary, disse que "o próximo presidente terá de fazer duas coisas: manter os EUA seguros e ajudar as famílias de trabalhadores a avançar, aqui em casa. Trump não está preparado para nenhuma delas".

    A campanha de Hillary tem recolhido provas sobre negócios de Trump que não foram escrutinados rigorosamente.

    Mas ela precisa de respostas melhores para acalmar a controvérsia sobre o uso de um servidor privado para enviar e-mails do Departamento de Estado quando era chanceler, algo que Trump usará. E evitar reagir quando ele retomar as acusações sobre o assédio sexual do marido dela, o ex-presidente Bill Clinton, a outras mulheres —a batalha é perdida.

    Hillary deve convencer seu rival pela candidatura, o senador Bernie Sanders, a mobilizar seus partidários por ela. E contar com Obama, ainda popular entre democratas e independentes, para defendê-la publicamente.

    Na média das pesquisas feita pelo site Real Clear Politics, Hillary tem 6,5 pontos percentuais sobre Trump.

    A recente afirmação do republicano de que Hillary só atraía as eleitoras de seu sexo deve garantir a ela a parte do leão do voto feminino. O racismo e a xenofobia do republicano também devem dar a ela a vasta maioria dos votos negros e hispânicos.

    Ainda assim, "nenhum demagogo americano chegou tão perto do poder nacional", escreveu o articulista e editor David Remnick sobre Trump na revista "New Yorker".

    Sobre o resultado da eleição, porém, é difícil crer que o eleitor médio norte-americano venha a eleger Trump.

    MICHAEL KEPP, jornalista americano radicado há 33 anos no Brasil, é autor do livro "Um pé em cada país" (Tomo Editorial)

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024