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    Donald Trump recorre a mulher e filha para melhorar reputação na campanha

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    08/05/2016 02h00

    Você não gosta de mim, mas minha filha gosta –e talvez ela possa convencer os EUA de que não sou tão mau assim. Daria para traduzir dessa forma a estratégia que Donald Trump adotou em sua campanha à Casa Branca.

    Foi Ivanka Trump, 34, a segunda dos cinco filhos que ele teve em três casamentos, quem o apresentou em 16 de junho de 2015, quando anunciou a candidatura pelo Partido Republicano.

    Carlo Allegri/Reuters
    Ivanka (de vermelho) e Melania Trump durante evento da campanha nos EUA
    Ivanka (de vermelho) e Melania Trump durante evento da campanha nos EUA

    "Enquanto a plateia vibrava, ela exibia um estilo mais polido do que a mistura paterna de Archie Bunker [personagem da série de TV 'All in the Family] e Jay Gatsby [o playboy do livro de F. Scott Fitzgerald]", descreve Michael D'Antonio, biógrafo do empresário.

    Dos 17 nomes adversários, só restou ele. Agora o magnata conta com a filha e também a mulher, Melania, 46, para tentar reverter a aversão que seu nome provoca em 50,5% da população americana.

    Sua taxa de reprovação entre mulheres recrudesce nas pesquisas da Gallup. Se agora 7 em 10 mulheres o rejeitam, em julho eram 58%.

    Trump não colabora. Quando, em agosto, uma apresentadora da Fox News pediu que explicasse por que "chamou mulheres das quais não gosta de 'porcas gordas', 'canhões' e 'desleixadas'", ele riu e disse: "Não tenho tempo para o politicamente correto".

    Essa parte fica a cargo da ala feminina da família. Em várias ocasiões, Ivanka (filha da primeira mulher de Trump, Ivana, ex-modelo tcheca) e Melania (ex-modelo eslovena) relativizaram o sexismo a ele atribuído.

    "Meu pai acredita 100% na igualdade de gênero, confia que a mulher pode exercer qualquer emprego que o homem tem, e sou prova disso", disse Ivanka, vice-presidente nas Organizações Trump.

    Melania afirmou que não é do perfil do marido discriminar amigos –e rivais– por gênero. "Não importa se é homem ou mulher, ele trata a todos de forma igual."

    Essa isonomia não resiste a uma volta ao passado. Em 1997, à revista "New Yorker", Trump disse que uma quiroprática a serviço de seus funcionários provavelmente cursou a "Faculdade Médica de Baywatch [a série de TV]".

    Seis anos antes, à "Esquire", prescreveu uma fórmula para combater a má propaganda na mídia: ter "um jovem e delicioso pedaço de carne" ao seu lado.

    MORDE E ASSOPRA

    Ivanka cresceu brincando no escritório do pai e é uma de suas mais influentes conselheiras. "Ela é um lado mais gentil e refinado da 'grife Trump' e um antídoto para a abrasividade do candidato", escreveu D'Antonio em artigo.

    Pai e filha se falam até cinco vezes por dia, e ela cumpriu agenda política uma semana após dar à luz ao seu terceiro filho com Jared Kushner.

    Em seu site, Ivanka dá dicas de moda para a "mulher trabalhadora e moderna" e de etiqueta empresarial.

    Em janeiro, aconselhou quem viajasse a negócios ao Brasil: "Vista-se para causar, mas não dê presentes, que podem ser vistos como propina. Lembre-se que o símbolo de 'ok' [círculo formado com os dedos] é considerado vulgar. Prefira levantar o polegar".

    Enquanto a filha de Trump anseia por protagonismo político, Melania se esquiva dos holofotes. Em entrevista à "GQ", disse que "ninguém sabe nem saberá [o que penso]. Isso é entre mim e meu marido." Promete que, se Donald Trump for eleito, será uma primeira-dama "tradicional", como Jackie Kennedy, e se envolverá em "muitas, muitas caridades".

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