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    Homem que denunciou empresário próximo aos Kirchner é achado morto

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    10/05/2016 16h58

    O homem que denunciou um esquema no qual o ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-07) dava ordens ao empresário Lázaro Báez, preso há 35 dias sob suspeita de lavagem de dinheiro, foi achado morto nesta terça (10) em seu apartamento, em Buenos Aires.

    Horacio Quiroga, 65, foi presidente de duas empresas de petróleo de Báez e, em 2013, afirmara que seu chefe "recebia indicações e ordens de Néstor Kirchner".

    Raul Ferrari - 5.abr.2016/AFP
    Photo released by Telam of Argentinian businessman Lazaro Baez (C) as he is escorted upon his arrest in Buenos Aires on April 5, 2016. Baez, close to former Argentinian President (2007-2015) Cristina Fernandez, is accused of money laundering during her and her husband former Argentinian President (2003-2007) Nestor Kirchner's terms. / AFP PHOTO / Noticias Argentinas / Raul Ferrari / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / TELAM / RAUL FERRARI" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS
    Lázaro Báez (ao centro), denunciado por Quiroga, é escoltado em Buenos Aires

    O corpo do executivo foi encontrado no banheiro do apartamento por seu filho de 10 anos, que chamou a polícia. Quiroga teve traumatismo craniano, mas as circunstâncias da morte não estão claras –uma hipótese é ele ter tido uma crise respiratória, caído e batido a cabeça.

    Em entrevista a uma revista em 2013, Quiroga havia dito que Kirchner, que morrera três anos antes, enviava dólares às empresas de petróleo de Báez: "Era dinheiro que Néstor Kirchner mandou a Lázaro Báez. Uns US$ 7 milhões [R$ 25 milhões]. Contaram tudo em cima da mesa".

    O caso ainda é investigado. Pouco antes de a entrevista ser publicada, o executivo havia rompido com Báez e sido desalojado do apartamento em que morava, cujo aluguel era pago pela empresa.

    À época, a Austral Construções negou irregularidades e disse que Quiroga fora demitido por não cumprir metas.

    As companhias de Báez estão entre as que mais venceram licitações sob o kirchnerismo (2003-15). O empresário era um dos melhores amigos de Néstor e foi responsável pela construção do mausoléu do ex-presidente.

    No início deste ano, um vídeo em que um filho de Báez conta dólares em uma financeira vazou para a imprensa e fez com que a Justiça retomasse investigações sobre o patrimônio do empresário.

    Em um programa de delação premiada, Leonardo Fariña, um dos homens que trabalhava para Báez, afirmou à Justiça que, no governo Kirchner as obras realizadas pela Austral Construções (de propriedade de Báez) eram superfaturadas. Após Néstor morrer, afirmou, o empresário teria começado a enviar dinheiro para o exterior.

    Fariña disse ainda que Cristina Kirchner, sucessora de Néstor, não tinha conhecimento de todos os movimentos financeiros do marido e, por isso, após a morte de Néstor, passou a desconfiar que Báez lhe roubava.

    CASO SEM SOLUÇÃO

    A descoberta do corpo de Quiroga remeteu a imprensa argentina ao caso Nisman, sem solução há 16 meses.

    Em janeiro de 2015, o corpo do promotor Alberto Nisman foi achado no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires. Quatro dias antes, ele acusara a então presidente, Cristina Kirchner, de encobrir o envolvimento do Irã no atentado terrorista à associação israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994.

    No inícios das investigações, a Justiça afirmou que se tratava de suicídio. Em março, porém, dois juízes consideraram "plausível" a hipótese de que Nisman ter sido assassinado e remeteram o processo à Justiça Federal .

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