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    Governo brasileiro quer acolher até 20 mil refugiados sírios por ano

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    10/05/2016 21h34

    O governo brasileiro negocia com a União Europeia e com entidades internacionais o acolhimento de sírios que vivem em campos de refugiados no Líbano, Turquia e Jordânia. Segundo o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, ainda não foram discutidos números de refugiados, mas "seria possível o Brasil acolher até 100 mil sírios, em grupos de 20 mil por ano".

    "O contingente que podemos acolher depende da ajuda [financeira] que vamos receber da comunidade internacional", disse Aragão. "Não estamos falando em uma ajuda em escala parecida com a negociação entre UE e Turquia, e sim algo bem mais modesto [europeus se comprometeram a destinar US$ 6 bilhões até 2018 para o governo turco em troca de políticas para restringir o fluxo de refugiados]."

    Bruno Santos - 17.mar.2016/Folhapress
    Família de refugiados sírios deixa mesquita em São Paulo; governo quer acolher 20 mil sírios por ano
    Família de refugiados sírios deixa mesquita em São Paulo; governo quer acolher 20 mil sírios por ano

    O ministro da Justiça fez a ressalva de que há dúvidas sobre a continuidade dos planos de acolher mais sírios. "Temos um ano extremamente complicado, que se agravou com a crise política", disse ele.

    Segundo relatório divulgado nesta terça (10) pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), as solicitações de refúgio no Brasil passaram de 966 em 2010 para 28.670 em 2015, um aumento de 2.868%. Já o número de refugiados reconhecidos pelo governo saltou de 3.904 em 2010 para 8.863 em abril deste ano, alta de 127%.

    REFUGIADOS NO BRASIL - Governo divulga balanço no país

    O relatório mostra que os sírios são a maior comunidade de refugiados no Brasil, com 2.298 pessoas. São seguidos dos angolanos (1.420), dos colombianos (1.100), dos congoleses (968) e dos palestinos (376).

    Segundo Beto Vasconcelos, secretário nacional de Justiça e presidente do Conare, houve uma grande mudança no perfil dos refugiados no Brasil —antes de 2010, a maioria vinha da Colômbia e de Angola, que passaram por conflitos e agora têm situação mais estável.

    "Por isso, o ensino do português passou a ser fator determinante para a integração da nova onda de refugiados, da Síria e da República Democrática do Congo, e estamos investindo no ensino de idiomas através do Pronatec", diz Vasconcelos.

    Em 2015, o número de solicitações de refúgio ficou estagnado em relação a 2014. Mas, segundo Vasconcelos, não se pode creditar essa estagnação a uma menor procura de estrangeiros pelo Brasil, por causa da crise econômica que afeta o país.

    "A maior causa foi o fluxo dos haitianos, que deixaram de vir por rotas terrestres e passaram a chegar pela rota regular e com vistos humanitários", disse.

    Houve aumento na solicitação de vistos por venezuelanos no norte do Brasil nos últimos meses. "Mas o universo é pequeno —de 28.670 pedidos de refúgio no ano passado, apenas 800 eram de venezuelanos."

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