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    Venezuelanos entram em choque com polícia em protesto antigoverno

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    11/05/2016 16h06 - Atualizado às 19h02

    Policiais e militares venezuelanos impediram nesta quarta-feira (11) que uma marcha com milhares de pessoas chegasse à entrada do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), em Caracas, para cobrar do órgão a contagem de assinaturas pedindo um referendo para revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro.

    No confronto, agentes da Guarda Nacional Bolivariana arremessaram bombas de gás lacrimogêneo, usaram spray de gás pimenta e atiraram balas de borracha. Um dos atingidos pelo gás foi o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, um dos principais líderes da oposição.

    Um guarda-costas dele também teve de ser socorrido, com irritação nos olhos. "O povo quer mudança. Os truques [do governo] só fortalecem nossa determinação", afirmou Capriles.

    O presidente da Assembleia Nacional, o opositor Henry Ramos, condenou o ataque e disse que era inaceitável alguém ser ferido no que deveria ser um ato pacífico.

    Também houve protestos em outros Estados, diante das sedes regionais do CNE. Em Bolívar, três pessoas ficaram feridas em choques com a polícia, entre elas o deputado federal Rachid Yasbek.

    A coalizão opositora MUD ( Mesa da Unidade Democrática) convocou para este sábado (14) uma nova manifestação pelo referendo.

    PROCEDIMENTO

    O CNE informou que vai esperar semanas antes de começar a contar as assinaturas favoráveis ao referendo. A oposição exige que sejam examinadas imediatamente.

    No último dia 3, a MUD entregou 1,8 milhão de assinaturas ao CNE para iniciar o processo do referendo, ainda que a lei venezuelana exigisse pouco menos de 200 mil firmas (o equivalente a 1% do número de eleitores registrados no país).

    O prazo para o órgão contabilizar esse mínimo venceu na segunda (9). Assim que essas assinaturas sejam validadas, a MUD tem de coletar outros 4 milhões de firmas (20% do registro eleitoral), no prazo de três dias, para dar sequência ao pedido.

    Para a oposição conseguir tirar Maduro via referendo, são necessários mais que os 7,5 milhões de votos obtidos pelo presidente nas eleições de 2013.

    Os opositores acusam o CNE de retardar o processo para impedir que o referendo seja realizado ainda este ano.

    Caso a consulta ocorra após 10 de janeiro de 2017, quando faltarão menos de dois anos para o término do mandato de Maduro, quem assume caso ele tenha de sair é seu vice, cargo ocupado atualmente pelo chavista Aristóbulo Istúriz.

    Se a oposição conseguir fazer o referendo antes dessa data e o "sim" pela saída de Maduro vencer com o número mínimo de votos, a Constituição da Venezuela prevê novas eleições.

    Maduro afirmou na terça (10) que "não vão me tirar nem por uma via nem por outra". Nesta quarta (11), ele disse que renovará para até o fim do ano o decreto de emergência econômica com o qual pode tomar medidas sem precisar passar por votação na Assembleia Nacional. A validade do decreto havia terminado na segunda (9).

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