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    Governo francês escapa de moção de censura sobre reforma trabalhista

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    12/05/2016 15h56

    O premiê francês, Manuel Valls, sobreviveu nesta quinta (12) a um voto de confiança estimulado por uma contestada reforma trabalhista que tem levado dezenas de milhares de manifestantes às ruas das principais cidades do país.

    Perante protestos quase diários e um impasse legislativo, o governo socialista decidiu usar o artigo constitucional 49-3, que lhe permite avançar a tramitação de um projeto sem necessitar de uma votação na Assembleia Nacional (Câmara baixa).

    Jean Francois Monier/AFP
    Manifestantes protestam em Nantes contra a reforma nas leis trabalhistas da França
    Manifestantes protestam em Nantes contra a reforma nas leis trabalhistas da França

    Os conservadores tentaram se opor por meio da moção de censura, mas apenas 246 parlamentares apoiaram a medida -42 a menos do mínimo necessário (288) para forçar a queda do governo.

    "[Usar a Constituição] apenas aumentou a raiva dos trabalhadores, dos estudantes e dos cidadãos", disse o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez.

    A controversa reforma trabalhista é a mais ousada a ser impulsionada por um governo francês, seja de direita ou de esquerda, em anos.

    A medida, que enfraquece os sindicatos e será debatida no Senado nas próximas semanas, não abolirá a jornada semanal de 35 horas, mas permitirá às companhias negociar acordos para até 48 horas semanais ou para turnos de 12 horas.

    Ela também mudará as regras para flexibilizar demissões nos períodos de desaceleração econômica -sob condições que dependerão do tamanho do negócio.

    À Câmara, Valls disse que a lei ajudará no progresso social. Segundo o premiê, a medida é uma "reforma indispensável" em um mundo globalizado. Atualmente, a França registra um desemprego superior a 10%.

    A reforma, porém, dividiu os socialistas e deve prejudicar ainda mais suas chances de manter a Presidência e o controle do Legislativo nas eleições do próximo ano.

    PROTESTOS

    Em protesto, 55 mil manifestantes saíram às ruas da França nesta quinta, disse o Ministério do Interior.

    Em Paris, a polícia reprimiu com gás lacrimogêneo alguns manifestantes mais desordeiros que participavam de uma marcha amplamente pacífica na cidade. Sete pessoas foram presas.

    Ocorrências similares foram registradas em Marselha, no Mediterrâneo, e em Nantes, na costa do Atlântico.

    Em mostra de rejeição à reforma, sindicatos convocaram novos protestos de rua e greves para a próxima semana.

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