• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 10:00:04 -03

    Não haverá referendo contra Maduro, diz vice-presidente da Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    15/05/2016 21h19

    O vice-presidente da Venezuela, Aristóbulo Istúriz, descartou neste domingo (15) que seja realizado o referendo revogatório com o qual a oposição pretende destituir o presidente Nicolás Maduro.

    "Aqui Maduro não vai sair por referendo, esqueçam essa ideia [...] porque não vai ter referendo", disse Istúriz durante evento, transmitido pela TV, em apoio à presidente afastada Dilma Rousseff.

    Federico Parra/AFP
    Opositores ao presidente Nicolás Maduro protestam pela realização do referendo revogatório em Caracas
    Opositores ao presidente Nicolás Maduro protestam pela realização do referendo revogatório em Caracas

    "[Os opositores] sabem que não haverá referendo porque, primeiro, fizeram tarde; segundo, porque fizeram mal; terceiro, porque cometeram fraudes", afirmou o vice.

    Ele, aparentemente, se referia ao fato de a oposição só ter iniciado os trâmites formais no mês passado (poderia tê-lo feito em janeiro) e ter errado ao recolher e entregar ao chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) muito mais assinaturas do que o necessário nesta fase.

    Pela lei venezuelana, o primeiro passo para organizar um referendo revogatório contra qualquer cargo eleito é recolher assinaturas de 1% dos eleitores registrados —equivalente a 198 mil pessoas, no âmbito nacional.

    A oposição entregou ao CNE mais de 1,8 milhão de assinaturas, o que está sendo implicitamente usado pelo órgão eleitoral como justificativa para a extensão do prazo para auditar as firmas.

    O CNE afirmou que se pronunciará em 2 de junho. Pela lei, o órgão deveria encerrar a verificação em dez dias.

    Chavistas também vêm acusando a oposição de ter inflado a lista de firmas com assinaturas falsas (com letra diferente) e nomes de mortos.

    Antichavistas negam.

    Depois de validados os dados iniciais, a oposição precisa apresentar outros 4 milhões de assinaturas para que o referendo seja convocado. Ainda não há prazo definido para essa segunda etapa.

    Uma vez organizada a consulta, o "sim" precisaria ser aprovado por quantidade de eleitores superior aos 7,5 milhões de votos obtidos por Maduro nas eleições presidenciais de 2013.

    Forças antichavistas, que encaram a mudança de governo como única saída para reverter a crise econômica e social abissal, têm pressa.

    Se o referendo acontecer até 10 de janeiro de 2017, quem assume o Executivo até 2019 é o vice-presidente, que hoje é Istúriz. Pela Constituição venezuelana, o presidente pode mudar seu vice quando quiser durante o mandato.

    No último sábado, o governador do Estado de Miranda e ex-candidato opositor à Presidência Henrique Capriles advertiu para o risco de uma explosão social caso o chavismo impeça a realização do referendo revogatório.

    NOMES EXPOSTOS

    Pressão contra o referendo também partiu do deputado e ex-presidente do Parlamento Diosdado Cabello, número dois do chavismo. Neste domingo (15), ele defendeu que sejam identificados todos os cidadãos que apoiarem a consulta popular.

    "Temos o direito de saber quem são, seus nomes e sobrenomes, onde estão estas pessoas, para saber quem se opõe formalmente ao governo e não quer que Maduro continue no poder", disse à rede de TV estatal.

    A frase soa como tentativa de intimidar uma população traumatizada pela divulgação dos nomes e consequente perseguição de quem votou pela saída do então presidente Hugo Chávez no referendo revogatório de 2004.

    Cabello, porém, sugeriu que o referendo "pode se dar em 2017". Isso parece indicar que o deputado aceita a ideia de tirar Maduro da Presidência, contanto que o chavismo siga no poder com o vice.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024