Se a história se repetir e o vice assumir a liderança do grupo radical Taleban no lugar de seu mentor, o Afeganistão pode ter de enfrentar um inimigo ainda mais implacável.

O líder dos talebans, o mulá Akhtar Mansour, foi morto neste sábado (21) em um ataque de drone dos EUA no sudoeste do Paquistão.

	Foto de Arquivo/Reuters
	Pôster de procurado com retrato falado e foto de Sirajuddin Haqqani, número 2 do Taleban

Ele deixa como vice o comandante guerrilheiro afegão Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, um braço do Taleban notoriamente violento e com conexões com a rede terrorista Al Qaeda.

O próprio Mansour assumiu a liderança da milícia após a morte de seu mentor, o mulá Mohammed Omar, em um ataque em 2013. Ele era vice de Omar no comando do grupo e passou dois anos liderando os militantes em segredo, até que o Afeganistão confirmou a morte de Omar, em julho passado.

Haqqani é considerado pelas autoridades dos EUA e do Afeganistão como o comandante mais perigoso do Taleban, responsável por seus ataques mais sangrentos. Na lista, está inclusive o atentado de 19 de abril passado, em que, em uma das ações mais violentas em Cabul, um homem-bomba apoiado por militantes fortemente armados matou 64 pessoas e feriu 347. Dezenas de casas de civis, lojas e vários prédios do governo foram danificados pela explosão.

Os EUA oferecem uma recompensa de US$ 5 milhões por sua prisão.

Embora ainda não haja nenhuma pista de quem assumiria o lugar de Mansour, Haqqani é um dos nomes citados por especialistas também por ser descendente de uma família que tem sido notoriamente envolvida nos combates no Afeganistão.

Seu pai, Jalaluddin Haqqani, foi um líder dos mujahideen que lutaram contra as tropas soviéticas que invadiram o Afeganistão em 1979. O ex-congressista Charlie Wilson chamou Jalaluddin em certa ocasião de "a bondade personificada" e foi tão altamente estimado que visitou a Casa Branca, quando Ronald Reagan era presidente.

Seu filho é visto como um guerrilheiro ainda mais cruel.

Haqqani se tornou um dos dois subcomandantes do Taleban no ano passado, integrando a rede Haqqani. Com cerca de 40 anos de idade, ele tem tentado reconciliar as facções do Taleban que se recusaram a aceitar a liderança de Mansour no ano passado. Haqqani foi inclusive nomeado chefe do comitê de negociações entre os aliados de Mansour e de Mohammad Rasul, um dos seus principais oponentes dentro da milícia.

Conta a seu favor ainda o fato de que a rede Haqqani é a mais coesa e bem financiada organização insurgente da região, com atividades que vão de extorsão e sequestro a investimentos via companhias offshore.