• Mundo

    Wednesday, 08-May-2024 18:00:40 -03

    Coca-Cola suspende produção na Venezuela por falta de açúcar

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    24/05/2016 01h20 - Atualizado às 12h23

    A multinacional Coca-Cola anunciou na noite desta segunda-feira (23) que está suspendendo a produção venezuelana de sua bebida mais conhecida devido à escassez de açúcar refinado.

    Na última sexta (20), a empresa havia indicado que estava usando seus últimos estoques de açúcar, item cada vez mais raro numa Venezuela assolada pelo desabastecimento.

    Kerry Tressler, porta-voz da empresa, disse que os estoques chegaram ao fim. "Nossos fornecedores de açúcar na Venezuela nos informaram que estavam detendo temporariamente as operações devido à falta de matérias-primas", disse Tressler.

    Kevin Lamarque -16.out.2012/Reuters
    Garrafas de Coca-cola em mercado dos EUA; empresa enfrenta dificuldades na Venezuela
    Garrafas de Coca-cola em mercado dos EUA; empresa enfrenta dificuldades na Venezuela

    A porta-voz afirmou que a medida afeta a produção de Coca-Cola normal e outras bebidas doces. Produtos que não precisam de açúcar refinado, como Coca-Cola Light, Coca-Cola Zero e águas, continuarão saindo das fábricas venezuelanas.

    O caso expõe as distorções da economia na Venezuela, um país petroleiro que importa a maior parte do que consome e cujo aparato industrial, historicamente modesto, foi devastado pelas políticas do atual governo chavista.

    O sistema político em vigor no país prejudicou boa parte do setor produtivo ao impor controles de preço e de câmbio e ao expropriar empresas.

    O açúcar é um dos setores que mais sofreram intervenções do Estado. No início de 2016, fabricantes já alertavam que a produção conseguia atender apenas 30% da demanda nacional.

    As dificuldades incluem uma regulação de preços que desestimula a produção, violência criminal nas áreas de plantio de cana e acesso escasso aos dólares a taxa preferencial necessários para importar insumos.

    Problemas semelhantes já haviam levado outras empresas a enfrentar graves problemas de produção, como a Heinz.

    Em abril, a Polar, maior produtora de alimentos e bebidas da Venezuela, anunciou suspensão das operações de suas quatro fábricas de cerveja no país.

    Segundo a Polar, que produz cerca de 80% da cerveja consumida no país, a decisão foi tomada após o governo impedir o acesso da Polar a dólares preferenciais para importar malte de cevada.

    Em resposta, Maduro ameaçou ocupar fábricas paralisadas e prender os donos.

    O presidente acusa os empresários do setor de alimentos e bebidas de orquestrar o desabastecimento no país para jogar a população contra o governo e favorecer o surgimento de um novo governo capitalista.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024