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    BBC

    Entra em vigor a proibição das 'drogas legais' no Reino Unido

    DA BBC BRASIL

    26/05/2016 09h19

    PA/BBC
    As substâncias imitam os efeitos de drogas como ecstasy e maconha
    As substâncias imitam os efeitos de drogas como ecstasy e maconha

    Depois de anos de polêmica, a proibição das chamadas "legal highs" (drogas legais, em tradução livre) entrou em vigor em todo o Reino Unido nesta quinta-feira (26).

    Leis agora proíbem a produção, a distribuição e o comércio desses produtos, muitas vezes dispostos em embalagens coloridas, desenvolvidos para imitar os efeitos de drogas como maconha, cocaína e ecstasy. Para isso, contêm várias substâncias químicas, parte delas ilegal.

    Também conhecidas como "novas substâncias psicoativas", essas drogas são vendidas sob nomes como "spice" (especiaria) e "black mamba" (mamba-preta, nome de uma cobra venenosa africana).

    São geralmente engolidas ou inaladas —embora já existam relatos de versões injetáveis—, e provocam efeitos estimulantes, sedativos ou psicodélicos.

    Entre elas, está a sálvia (planta da espécie Salvia divinoru, proibida no Brasil) e o óxido nitroso, conhecido como "gás do riso", comumente inalado por meio de balões de festa e que pode ser fatal se usado em excesso.

    Getty images/AFP
    Óxido nitroso dá aos usuários uma sensação de euforia, que dura alguns segundos
    Óxido nitroso dá aos usuários uma sensação de euforia, que dura alguns segundos

    No ano passado, as "drogas legais" foram ligadas à morte de mais de cem pessoas no Reino Unido, assim como ao aumento da violência em prisões. Segundo as autoridades de saúde, podem levar a quadros de paranoia, convulsões e coma, principalmente se misturadas com álcool ou outras drogas.

    Pessoas que desrespeitarem a proibição serão enquadradas na Lei de Substâncias Psicoativas. A pena é de até sete anos de prisão.

    BUSCAS POLICIAIS

    Com a mudança, os policiais britânicos também poderão fechar "headshops" (lojas que vendem produtos relacionados a drogas) e sites que oferecem tais drogas.

    Eles passam ainda a ter poder para apreender e destruir substâncias psicoativas, além de revistar pessoas, imóveis e veículos.

    Se um detento for flagrado portando uma dessas "drogas legais", estará sujeito a ter até dois anos de prisão adicionados a sua sentença.

    GMP/BBC
    Após 9 pessoas ficarem doentes, polícia da Grande Manchester prendeu dono de loja
    Após nove pessoas ficarem doentes, polícia da grande Manchester prendeu dono de loja

    Proposta no ano passado pelo governo, a nova legislação passou por um intenso escrutínio. As expectativas eram de que as medidas entrariam em vigor em abril, mas a data acabou adiada.

    Mark Easton, editor de assuntos domésticos da BBC, explica que os conservadores —partido do primeiro-ministro, David Cameron— costumam ser refratários a criar novas regras que atinjam negócios ou proíbam produtos que especialistas acreditam ser prejudiciais à saúde.

    Mesmo assim, diz, o governo lançou mão da legislação mais "radical e abrangente" já vista com o objetivo de resolver os problemas que essas "drogas legais" têm causado.

    Embora fossem apontados como responsáveis por problemas sociais e de saúde, esses produtos não eram cobertos por nenhuma lei existente.

    Getty images/AFP
    Estimulantes "spice" à venda em uma loja londrina
    Estimulantes "spice" à venda em uma loja londrina

    Antes da proibição, uma pesquisa realizada pela YMCA (organização cristã que atua com adolescentes) apontou que cerca de dois terços dos jovens que utilizam essas drogas tendem a continuar a fazer uso delas no futuro.

    Há o temor de que o banimento leve as pessoas que vendem as "drogas legais" à chamada "dark web", área da internet em que estão hospedados sites cujos responsáveis são difíceis de descobrir e que não são localizáveis pelos sistemas tradicionais de busca.

    As novas regras entram em vigor um dia após o dono e um funcionário de uma loja terem sido presos na região de Manchester —nove pessoas ficaram doentes após usarem substâncias que eram vendidas ali.

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