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    Obama defende políticas antinucleares dos EUA antes de visita a Hiroshima

    DA ASSOCIATED PRESS

    26/05/2016 17h29

    Na véspera de sua histórica viagem a Hiroshima, o presidente Barack Obama defendeu o vigor de seus esforços para livrar o mundo das armas nucleares.

    Ele afirmou que usará sua visita ao memorial japonês na sexta (27) para destacar "o senso de urgência que todos deveriam ter".

    Obama, que começou seu governo com um audacioso chamado por um mundo não nuclear, reconheceu que ainda há muito a ser feito.

    Na verdade, muitos críticos pontuam que o mundo está mais distante agora do objetivo de Obama do que no início de sua Presidência, em 2009.

    Mas o líder americano usou o acordo nuclear com o Irã, alcançado no ano passado, e a negociação de seu governo para o novo tratado Start com os russos como exemplos de grandes passos dados na redução dos estoques nucleares.

    Sob o acordo do ano passado, o Irã concordou em conter seu programa atômico em troca de bilhões de dólares com o alívio de sanções.

    Com o novo Start, Obama conseguiu a ratificação do mais significativo pacto de controle de armas em quase duas décadas. O pacto, que entrou em vigor em fevereiro de 2011, requer que os EUA e a Rússia reduzam suas armas nucleares estratégicas para não mais de 1.550 até fevereiro de 2018. O presidente disse em 2013 que quer cortar o número americano em mais um terço, mas essa ideia travou em meio à deterioração das relações com a Rússia.

    Apesar de pontuar os avanços, Obama também admitiu haver pontos problemáticos, incluindo o programa nuclear da Coreia do Norte, que realizou seu quarto teste nuclear em janeiro e o lançamento de um foguete de longo alcance em fevereiro, e a ameaça representada pela intenção de alguns grupos de obter armas nucleares.

    "Sabemos que organizações terroristas não hesitariam em usar uma arma de destruição em massa se a adquirissem", disse Obama nesta quinta, "então ainda temos muito trabalho".

    Falando em uma coletiva durante um encontro do G7, Obama lembrou de seu discurso de 2009 em Praga, quando fez seu primeiro apelo por um mundo não nuclear, e destacou o fato de ter pontuado "naquela época que não esperava ser capaz de alcançar todos aqueles objetivos no curso de minha Presidência ou mesmo durante a minha vida, e que esta será uma tarefa contínua".

    Ele reafirmará sua opinião nesta sexta, quando se tornará o primeiro presidente dos EUA a visitar Hiroshima, onde cerca de 140 mil pessoas morreram quando forças americanas usaram a primeira bomba atômica em 1945, dando início à era nuclear.

    Mas seus comentários, dessa vez, serão contrastados com seu histórico de sucessos, derrotas e contradições.

    Hiroshima

    Ataque a Hiroshima completou 70 anos no ano passado

    CRÍTICAS

    Há várias vozes prontas para pedir uma prestação de contas do líder americano, dizendo que ele fracassou em corresponder aos altos padrões impostos a si mesmo em Praga.

    "Pode-se argumentar que um mundo não nuclear é menos provável agora do que quando Obama assumiu o cargo", disse Richard Fontaine, presidente do Centro para a Segurança da Nova América.

    Ele citou a falta de novos passos em direção ao desarmamento entre os EUA e a Rússia e os planos do governo de gastar mais de US$ 300 bilhões para atualizar seus estoques atômicos.

    Citando os planos de gastos do governo, o Greenpeace disse que a mensagem de Obama em Hiroshima "é superficial sem esforços mais ousados para livrar o mundo das armas nucleares".

    "Se os EUA querem ajudar a construir um mundo pacífico, não é suficiente apenas visitar as ruínas do passado", disse Hisayo Takada, vice-diretor no Greenpeace do Japão.

    Embora reconheça que não completou a agenda de Praga, Obama afirmou que seu governo "construiu uma arquitetura" que projetou luz sobre assuntos cruciais.

    A agência oficial norte-coreana classificou nesta quinta a visita de Obama a Hiroshima como um "cálculo político infantil" que tem o objetivo de esconder sua identidade de "lunático da guerra nuclear" determinado a modernizar o arsenal nuclear dos EUA.

    Nos EUA, os críticos das políticas atômicas de Obama também apontaram para o grande orçamento do governo para a modernização nuclear.

    O Escritório Orçamentário do Congresso estimou, em janeiro de 2015, que os planos do governo para as forças nucleares custariam US$ 348 bilhões durante a próxima década, enquanto outros disseram que poderia alcançar US$ 1 trilhão nas próximas três décadas.

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