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    Venezuela abre impasse e impede OEA de intermediar crise política

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/06/2016 00h36

    Um impasse criado pela delegação da Venezuela impediu que os países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovassem nesta quarta-feira (1º) uma mediação entre o governo do presidente Nicolás Maduro e seus opositores.

    A reunião ocorreu um dia depois que o secretário-geral da organização, o uruguaio Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana contra a Venezuela.

    Ronaldo Schemidt/AFP
    Apoiadores do presidente Nicolás Maduro participam de protesto contra o líder da OEA, Luis Almagro
    Apoiadores do presidente Nicolás Maduro participam de protesto contra o líder da OEA, Luis Almagro

    Na proposta, que havia sido feita pela delegação da Argentina, a organização mediaria o diálogo entre as partes. A ideia recebeu o apoio de 21 dos 34 país, incluindo EUA, Brasil, Uruguai, Chile, Colômbia e México.

    A delegação argentina pediu no documento que o diálogo diálogo chegue a "alternativas para favorecer a estabilidade política, o desenvolvimento social e a recuperação econômica" no país.

    A delegação venezuelana, porém, pediu que fosse debatida sua proposta de declaração, que rechaça "qualquer tentativa de alteração da ordem constitucional no país".

    "O ponto central da nossa proposta é que, se alguém quer apoiar a Venezuela, a primeira coisa que se deve fazer é apoiar seu governo legítimo", disse o representante do país, Bernardo Álvarez.

    Ele criticou a Argentina por ter apresentado o projeto a Caracas e a outros países em cima da hora, o que não permitiu que se soubesse seu conteúdo a tempo do debate.

    A proposta venezuelana recebeu o apoio dos aliados Bolívia, Nicarágua e de países caribenhos. O Equador ficou no meio entre as propostas.

    O resultado do impasse foi uma declaração mais genérica. Na nota, o Conselho Permanente da OEA oferece seu apoio a "todos os esforços de entendimento, diálogo e procedimentos constitucionais".

    Sem citar a proposta argentina, o grupo pede às partes que "identifiquem, de comum acordo, alguma forma de ação que os conduza à busca de soluções à situação mediante um diálogo aberto e inclusivo entre o governo, outras autoridades constitucionais e todos os atores".

    Também recebe apoio a negociação da Unasul, mediada pelo ex-presidente de governo da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero e os ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá).

    No último fim de semana, os mediadores encontraram separadamente Maduro e uma delegação de opositores. Ao deixarem o encontro, nenhum dos lados cedeu.

    A proposta argentina também não agradou o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Henry Ramos Allup, Para ele, o presidente Mauricio Macri deveria ter pedido uma reunião urgente para suspender a Venezuela da OEA, assim como prometeu fazer em relação ao Mercosul.

    "Achávamos que aconteceria outra coisa depois das declarações que fez ao ser eleito. Pelo menos Cristina [Kirchner] não era hipócrita".

    ALMAGRO

    Nesta quarta, chavistas saíram às ruas para protestar contra a proposição de aplicar a Carta Democrática. Alguns levavam cartazes criticando Luis Almagro.

    Com a decisão, o uruguaio voltou a se tornar alvo de Maduro e de seus aliados. Maduro mandou-o enfiar a carta "onde caiba", o equatoriano Rafael Correa disse que ele está "bastante perdido" e o boliviano Evo Morales afirmou que ele é "instrumento do intervencionismo".

    O clima já havia piorado em abril, quando o uruguaio aceitou analisar o pedido de opositores para que invocar a Carta Democrática. Houve discussão na internet, com Maduro acusando Almagro de ser da CIA (agência de inteligência dos EUA), que rebateu chamando o venezuelano de "ditadorzinho".

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