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    Líbia encontra mais de 110 corpos de migrantes que tentavam ir à Europa

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    DE SÃO PAULO

    03/06/2016 10h09 - Atualizado às 14h39

    A Marinha da Líbia disse ter encontrado na costa do país mais de 110 corpos de migrantes que tentavam atravessar o mar para chegar à Europa.

    Segundo o coronel Ayoub Gassim, um barco vazio foi encontrado à deriva no Mediterrâneo na quinta (2), provavelmente após seus passageiros terem sido jogados para fora pelas ondas. Caso seja a embarcação utilizada pelos migrantes encontrados, o número de mortos deve aumentar, já que barcos do tipo costumam levar no mínimo 125 pessoas.

    Dos 117 corpos achados, 75 eram de mulheres, seis de crianças e 36 de homens, informou o Crescente Vermelho. Como não estavam em decomposição, é provável que as pessoas tenham se afogado nas últimas 48 horas.

    Gassim culpou a Europa pela tragédia e disse que o continente não está fazendo nada além de contar mortos. Segundo as Nações Unidas, ao menos 2.510 pessoas morreram ou desapareceram após tentar a travessia pelo Mediterrâneo até a Europa somente neste ano.

    Também a 140 quilômetros da ilha grega de Creta, nove corpos foram encontrados perto de um navio semi-submerso do qual 340 pessoas foram resgatadas. Segundo o porta-voz da Guarda Costeira da Grécia, Nikos Lagadianos, alguns sobreviventes dizem que havia cerca de 500 pessoas no barco.

    ANISTIA CRITICA ACORDO UE-TURQUIA

    Desde que a União Europeia (UE) selou um acordo com a Turquia para a devolução de migrantes que chegam ao continente pelo mar Egeu, atravessadores vêm utilizando rotas mais arriscadas, como do norte da África até a Itália.

    Segundo o pacto, todos os que chegaram a ilhas gregas depois do dia 20 de março serão levados de volta a Turquia a menos que consigam asilo na Grécia, país que poucos migrantes desejam permanecer. Para cada pessoa devolvida, a UE receberá um refugiado sírio alocado em acampamentos turcos —até o limite de 72 mil pessoas. Além disso, cidadãos turcos deverão ter isenção de visto para entrar na UE e o governo de Ancara receberá um auxílio financeiro de 6 bilhões de euros da Europa, além de ter as negociações para sua admissão no bloco aceleradas.

    Nesta sexta (3), a Anistia Internacional publicou um relatório em que critica a medida. Segundo a organização, solicitantes de asilo não tem proteção efetiva na Turquia, e a UE, na ânsia de conter a onda de refugiados ao continente europeu, vem fazendo vista grossa à real situação dos migrantes em território turco.

    Segundo a Anistia, o objetivo do documento não é tanto criticar a Turquia, mas evidenciar o desprezo dos membros da União Europeia em relação a situação e direitos daqueles que já chegaram em seu solo em busca de refúgio.

    "Confrontada com a crescente crise global de refugiados, e com o aumento do número de pessoas desesperadas que tentam chegar à Europa, a UE não tentou aumentar a disponibilidades de rotas seguras e legais; em vez disso, os Estados-membros se esforçaram para impedir que mais pessoas entrem em seu território. (...) O número de refugiados admitidos pela Turquia ofusca a quantidade aceita pela UE, cinco vezes maior e incomparavelmente mais rica."

    Em 2015, segundo a Anistia, a União Europeia realocou somente 8.155 refugiados de todo o mundo. A Turquia, por outro lado, hoje abriga mais de 3 milhões de refugiados e solicitantes de asilo, dos quais 2,75 milhões são sírios.

    Como as leis na Turquia só admitem na categoria de "refugiados" cidadãos europeus, pessoas do Afeganistão, do Iraque e da Síria são geralmente classificadas como "refugiados condicionais". Com isso, elas enfrentam restrições para entrar no mercado de trabalho e para se integrar à sociedade turca.

    Segundo a Anistia, as condições de residência da maioria dos solicitantes de asilo e de refugiados na Turquia são inadequadas.
    De acordo com dados do governo turco de 2013, 25% dos refugiados sírios que estão fora de acampamentos vivem em "ruínas ou locais improvisados" e 62% em unidades habitacionais com oito pessoas ou mais, sendo que a média de quartos por residência era de apenas 2.

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