A Síria autorizou o fornecimento de ajuda humanitária por comboios terrestres em 12 zonas sitiadas ao longo do mês de junho, anunciaram as Nações Unidas nesta sexta-feira (3).
O regime de Damasco também autorizou um fornecimento de ajuda limitada em três outras zonas. Ele, no entanto, rejeitou esse acesso à ajuda em duas outras zonas, indicou o escritório de operações humanitárias da ONU.
Segundo a ONU, cerca de 600 mil pessoas vivem em 19 zonas ou localidades sitiadas, principalmente por tropas do regime, e cerca de quatro milhões em zonas de difícil acesso. Muitas delas sofrem de desnutrição.
Thaer Mohammed/AFP | ||
Morador da cidade de Aleppo, na Síria, avalia destruição deixada por bombardeio |
A França, que preside o Conselho de Segurança para o mês de junho, havia pedido poucas horas antes para que a Rússia pressione seu aliado sírio para facilitar o acesso da ajuda humanitária por via rodoviária, sendo esta a maneira mais eficaz de prestar ajuda segundo as Nações Unidas.
Diplomatas também informaram nesta sexta-feira que a ONU pediu no domingo a aprovação do regime sírio para levar ajuda por via aérea.
As grandes potências tinham acordado no mês passado que, se a ajuda humanitária continuasse a ser bloqueada, a ONU passaria a lançar ajuda por via aérea a partir de 1º de junho.
Mas o vice-enviado especial da ONU para a Síria, Ramzy Ezzeldin Ramzy, afirmou na quinta-feira em Genebra que a ajuda por via aérea não é "iminente", dada a complexidade da operação em um país em guerra e a necessidade de ter a aprovação do regime.
"Deveria haver uma partilha da ajuda nos locais onde o acesso por estrada não está autorizado", estimou nesta sexta-feira o embaixador britânico da ONU, Matthew Rycroft.
A guerra na Síria causou 280 mil mortes desde o seu início, há mais de cinco anos, e forçou mais da metade da população a deixar suas casas.
O processo de paz agoniza desde a renúncia, no domingo, do negociador-chefe da oposição síria, Mohamed Alus, que denunciou os bombardeios contínuos do regime de Bashar al-Assad sobre as áreas rebeldes e a "incapacidade da comunidade internacional em fazê-lo aplicar suas resoluções, especialmente no que diz respeito ao aspecto humanitário ".