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    Peruanos escolhem presidente em votação com forte presença policial

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A LIMA

    05/06/2016 18h02

    A votação do segundo turno das eleições presidenciais no Peru começou no horário neste domingo (5) e transcorreu com normalidade. O voto eletrônico foi usado em alguns centros de votação, mas também houve o voto manual em muitas sessões –principalmente nas comunidades andinas afastadas dos grandes centros.

    A Folha visitou colégios em bairros nobres, como San Isidro, onde votou o candidato Pedro Pablo Kuczynski (PPK), e na periferia. Em geral, as filas eram pequenas.

    "Está sendo bem mais rápido do que no primeiro turno", disse Maria Urrutia, que votou no Colegio de la Inmaculada, na região central. De fato, como nesta votação não foi necessário escolher congressistas (eleitos em 10 de abril), o processo foi mais ágil.

    Em todos os centros havia forte presença da Polícia Nacional e do Exército, inclusive armados e com cachorros.

    Na periferia, armavam-se barracas para vender alimentos populares do lado de fora dos centros de votação –o que contrastava com o silêncio dentro dos postos. Muitos ficavam para almoçar na rua mesmo, dando aspecto de feriado à eleição.

    No Colegio Leoncio Prado, no bairro de Pamplona Alta, Cecilia Uribe disse que espera que o próximo presidente se preocupe com a segurança, em primeiro lugar.

    "Não aguento mais ouvir histórias de sequestros e de invasão de casas por aqui. É preciso uma ação mais dura para realmente dar um fim nos abusos desses delinquentes", disse.

    O aumento da violência nas periferias das grandes cidades foi um dos temas centrais da campanha. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), quase 90% dos peruanos se sente inseguro. É o país em que essa sensibilidade é a mais alta na América Latina, segundo a pesquisa Latinobarômetro.

    PORTÕES DE FERRO

    Isso explica porque muitas ruas nesses bairros possuem portões de ferro, colocados pelos próprios moradores. "Só quem é da rua tem a chave. Fechamos às 23h e abrimos às 4h. Quem tem de entrar e sair usa sua própria chave. Só assim conseguimos diminuir os roubos e a invasão de casas por quadrilhas, diz a vendedora Marisabel, que não quis revelar o sobrenome.

    Numa dessas ruas fechadas, no distrito de San Juan de Miraflores, além das barras de ferros, havia placas prometendo "castigos" a quem tentasse entrar fora dos horários permitidos e não fosse morador do local.

    Sylvia Colombo/Folhapress
    Placa na periferia de Lima mostra cerca em rua e mobilização de vizinhos contra roubos
    Placa na periferia de Lima mostra cerca em rua e mobilização de vizinhos contra roubos

    Tanto Keiko Fujimori como PPK prometem atacar o problema. Enquanto o economista promete mais policiamento e políticas para redução de pobreza, Keiko é mais direta, dizendo que, se eleita, colocará o Exército para vigiar as ruas e promoverá toque de recolher –ao estilo do que fazia o pai, Alberto, durante os tempos em que a guerrilha Sendero Luminoso ameaçava a população.

    Keiko Fujimori votou no final da manhã, em Sucre, na região metropolitana de Lima, com um grande grupo de apoiadores gritando seu nome. A polícia teve dificuldades de impedir as manifestações de apoio, proibidas pela lei nas áreas de votação.

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