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    Trump e Hillary contrastam em suas respostas ao ataque em Orlando

    JULIE PACE
    DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

    13/06/2016 11h31

    Para Donald Trump, os homicídios em massa na Flórida foram o momento de redobrar seus apelos por ação mais dura contra o terrorismo e de assumir o crédito por "estar certo" quanto à ameaça.

    Para Hillary Clinton, foi um momento de selecionar cuidadosamente as palavras e reiteras seu apelo por manter as ruas dos Estados Unidos livres de "armas de guerra".

    As respostas de Trump e Hillary ao mais mortífero homicídio em massa na história moderna dos Estados Unidos —com 49 mortos e dezenas de feridos— são um estudo sobre os contrastes entre os dois virtuais candidatos à Presidência —um dos quais em breve estará liderando um país que teme o terrorismo, a violência armada e a interseção muitas vezes impiedosa entre as duas coisas.

    O motivo por trás do ataque na madrugada do sábado (11) para domingo (12) em uma casa noturna gay em Orlando não era conhecido, quando Trump e Hillary começaram a se pronunciar —ainda que uma fonte na polícia tenha afirmado posteriormente que o atirador, identificado pelas autoridades como Omar Mateen, 29, cidadão norte-americano, fez um telefonema ao número de emergência da polícia, de dentro da casa noturna, declarando sua lealdade ao líder do Estado Islâmico.

    Quando essa informação começou a circular, Trump recorreu ao Twitter para dizer que estava "rezando" pelas vítimas e suas famílias. "Quando é que seremos fortes, espertos e vigilantes?", ele afirmou.

    Em poucas horas, o virtual candidato presidencial republicano estava de volta à rede social, afirmando que apreciava "as congratulações por estar certo quanto ao terrorismo islâmico".

    Depois que o presidente Barack Obama não usou a mesma expressão para descrever Mateen, em declarações feitas na Casa Branca, Trump divulgou um comunicado no qual afirmava que o presidente "deveria renunciar" —uma resposta agressiva que excede em muito a usual abordagem republicana nas críticas a Obama.

    CONTROLE DE ARMAS NOS EUA - Maior controle, em %

    CONTROLE DE ARMAS NOS EUA - Direito ao porte, em %

    Nesta segunda-feira (13), Trump afirmou que há milhares de pessoas "doentes de ódio" vivendo nos Estados Unidos e capazes de executar massacres semelhantes. "Não podemos permitir a entrada dessas pessoas... temos de ser muito, muito fortes", disse à rede de notícias Fox News.

    Hillary, em entrevista por telefone nesta segunda-feira, disse ao programa "Today", da rede de TV NBC, que tem um plano para defender o país contra ataques de "atiradores solitários". Mas "não vou demonizar nem apelar à demagogia", como Trump, "porque isso é claramente perigoso".

    TRUMP

    Trump dificilmente é o primeiro político a tentar tirar vantagem de uma tragédia, ainda que seja mais gritante do que a maioria de seus predecessores ao tentar vincular suas perspectivas eleitorais a incidentes que envolvem sofrimento inimaginável.

    Pouco depois dos mortíferos ataques do ano passado em Paris, Trump declarou que "sempre que acontece uma tragédia, tudo sobe, meus números sobem muito, porque não temos força neste país. Temos políticos tristes e fracos".

    Rob Kerr/AFP
    (FILES) This file photo taken on May 05, 2016 shows US Republican presidential candidate Donald Trump addressing supporters in Eugene, Oregon on May 6, 2016. Donald Trump, the presumptive Republican nominee in the race for the White House, fought May 15, 2016 to stem several controversies including his relationship with women and his refusal to release his tax returns. The billionaire real estate mogul and his backers hit back at a New York Times article that detailed Trump's complex and contradictory history with women. / AFP PHOTO / Rob Kerr
    Virtual candidato republicano à Presidência, Donald Trump, discursa no Estado do Oregon

    Depois de um mortífero homicídio em massa em San Bernardino, Califórnia, em dezembro, Trump chocou muita gente em seu próprio partido ao apelar por uma proibição temporária à entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.

    Em lugar de destruir suas perspectivas políticas, essa proposta ajudou o empresário a conquistar suas primeiras vitórias nas primárias republicanas.

    Para os detratores de Trump, seus comentários podem parecer grotescos e dissonantes. Mas ele explora uma profunda frustração da parte de alguns eleitores, que acreditam que Obama não reage com vigor em sua resposta a ataques terroristas por medo de ofender os muçulmanos, nos Estados Unidos e no resto do mundo.

    "Não podemos mais ser politicamente corretos", declarou Trump. Ele cancelou um comício marcado para esta segunda, mas planeja levar adiante um discurso que faria em New Hampshire, mudando o tópico de um ataque à adversária democrata para a segurança nacional.

    HILLARY

    Hillary, mais experiente quanto aos costumes políticos de resposta a tragédias em função de seus anos como senadora e secretária de Estado, foi cuidadosa em seus comentários iniciais.

    A virtual candidata democrata também recorreu ao Twitter para seus primeiros comentários, na manhã de domingo, afirmando: "Enquanto esperamos por mais informações, meus pensamentos estão com as pessoas atingidas por esse ato horrendo".

    Como Obama, Hillary prefere evitar tropeços iniciais, mesmo que isso faça com que ela pareça cautelosa demais. No domingo, ela esperou que o presidente declarasse que o ataque foi "um ato de terrorismo" antes de fazer o mesmo.

    Hillary e Obama adiaram planos de fazer campanha juntos na quarta-feira (15), em Wisconsin, decisão causada tanto pela necessidade de preservar as aparências politicamente quanto pela perspectiva de que o presidente dedique a semana a comandar a resposta do governo ao ataque.

    Mas Hillary ainda planeja continuar com seu programa de campanha, visitando Ohio nesta segunda-feira e a Pensilvânia no dia seguinte.

    Hillary não evitou a perspectiva de uma conexão com o terrorismo internacional, em seu comunicado, ainda que tenha adotado terminologia imprecisa.

    Ela fez de leis mais severas para o controle de armas uma peça central de sua campanha presidencial, e foi mais direta ao mencionar o ataque como exemplo do fracasso do país em impedir que armas cheguem às mãos de "terroristas ou outros criminosos violentos".

    As autoridades federais anunciaram no domingo que Mateen havia adquirido duas armas de fogo legalmente na última semana.

    Não é possível saber se a tragédia em Orlando determinará uma mudança na trajetória da campanha eleitoral. Se a tendência atual persistir, haverá mais casos de homicídios em massa nos Estados Unidos antes que os eleitores vão às urnas em novembro.

    Outros eventos imprevistos também devem influenciar a disputa nos próximos cinco meses, da mesma forma que o colapso econômico de 2008 fez nas semanas finais da campanha eleitoral daquele ano.

    Mas no momento em que os eleitores começam a ponderar seriamente sobre Trump ou Hillary como próximo comandante em chefe das Forças Armadas, o atentado do domingo deixa pouca dúvida de que a escolha entre os dois candidatos é uma tarefa severa.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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