• Mundo

    Monday, 06-May-2024 13:40:44 -03

    Elo de matador de Orlando com Estado Islâmico é vago, afirma FBI

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A ORLANDO

    14/06/2016 00h36

    Nascido e criado nos Estados Unidos, inspirado por grupos extremistas islâmicos e portador de armas de alta potência adquiridas legalmente.

    O perfil de Omar Mateen, que na madrugada de domingo (12) matou 49 pessoas a tiros numa boate gay de Orlando antes de ser morto pela polícia, indica uma personalidade agressiva, homofóbica e sádica, segundo testemunhas e as primeiras investigações sobre o atentado.

    Com todas as vítimas já identificadas, a polícia revela aos poucos mais detalhes sobre o massacre e as motivações do homem por trás da maior chacina com arma de fogo da história dos EUA, uma tragédia em particular para a comunidade gay de Orlando.

    Nos relatos de sobreviventes e policiais, emerge um assassino frio, que sorria enquanto disparava contra os frequentadores da casa noturna Pulse, uma das mais populares da cena gay da cidade do Estado da Flórida.

    Segundo John Mina, chefe da polícia de Orlando, Mateen matou quase todas as vítimas no início da ação e não perdeu a calma ao conversar por telefone com policiais, enquanto mantinha reféns num banheiro da casa.

    O impasse durou três horas e terminou com a decisão da polícia de abrir um buraco numa parede da casa noturna para permitir a fuga dos reféns quando Mateen ameaçou detonar explosivos.

    Editoria de arte/Folhapress

    SORRISO SÓRDIDO

    Nesta segunda (13) a cena do crime continuava isolada por um amplo cordão policial e cercada por dezenas de jornalistas de vários países, que acampavam sob o sol forte à espera de novidades sobre a investigação.

    Volta e meia apareciam sobreviventes e amigos das vítimas, para compartilhar histórias de sofrimento e heroísmo ou buscar consolo.

    De corpo franzino e com a aparência exausta, Marcus Godder, 26, contou que olhou o assassino nos olhos e viu "o mal". Ele diz que sobreviveu fingindo-se de morto no chão da boate, de onde acompanhou o massacre na Pulse.

    "Ele tinha um sorriso sórdido no rosto", disse à Folha e a outros jornalistas.

    Há sinais de que a ação foi planejada com frieza por Mateen, além de indícios de que ele tinha uma relação ambivalente com a comunidade gay de Orlando.

    O brasileiro Luciano Dias, que vive há dois anos em Orlando, contou à Folha que um amigo que é barman na Pulse e ficou ferido com dois tiros na perna viu o assassino bebendo na boate antes de ele sair e voltar atirando.

    Segundo vários veículos de mídia, Mateen usara aplicativos de celular para encontros gays e havia sido visto várias vezes em casas noturnas frequentadas por homossexuais, incluindo a Pulse.

    Mateen estava no radar do FBI (polícia federal americana) há anos por comentários que sugeriam ligações com grupos islâmicos, primeiro a Al Qaeda, depois o libanês Hizbullah, e finalmente o Estado Islâmico.

    CONTROLE DE ARMAS NOS EUA - Maior controle, em %

    São facções que não possuem ligações entre si e alguns casos tem posições conflitantes —o xiita Hizbullah luta contra o EI na Síria, por exemplo.

    Mateen chegou a ser interrogado pelo FBI em 2014 após dizer a colegas da firma de segurança em que trabalhava que tinha ligações com a Al Qaeda. Mas a investigação não foi adiante.

    Em conversa com jornalistas, o pai do assassino, Saddique Mir Mateen, nascido no Afeganistão, condenou a ação do filho e disse que não sentirá sua fala: "O que ele fez é contra a humanidade".

    CONTROLE DE ARMAS NOS EUA - Direito ao porte, em %

    A polícia vasculhou o apartamento do assassino em Fort Pierce, a 160 km de Orlando, e identificou a loja onde ele comprou legalmente, há um mês, as armas do massacre.

    Mateen foi submetido às checagens exigidas por lei mas, como fora retirado da lista de investigados do FBI, foi autorizado a comprar um fuzil de assalto Sig Sauer MCX e uma pistola Glock 17.

    "Lamento que ele tenha escolhido a minha loja", disse Ed Henson. "Mas se não tivesse sido conosco ele teria comprado em outra."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024