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    Governo venezuelano obtém importante vitória diplomática na OEA

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    16/06/2016 01h41

    A Venezuela obteve na noite desta quarta importante vitória diplomática na Organização dos Estados Americanos (OEA) ao costurar apoio suficiente para que as posições anti-Caracas do secretário-geral, Luis Almagro, sejam submetidas a questionamento.

    "Foi uma votação histórica", disse a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, no encerramento da Assembleia Geral da OEA, em Santo Domingo, na República Dominicana.

    O argumento central de Rodríguez é que Almagro extrapolou funções do cargo ao chamar publicamente o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de "traidor, mentiroso e ditadorzinho" e ao se alinhar ao movimento antichavista.

    Dos 34 países-membros da OEA, 19 votaram a favor da proposta venezuelana de avaliar como Almagro maneja o "respeito à institucionalidade e normativas da organização". Doze governos se opuseram. Houve duas ausências e uma abstenção.

    Não estava claro, até a publicação desta reportagem, qual havia sido a posição do Brasil, cujo governo interino é crítico da Venezuela, mas também de Almagro, que havia questionado o impeachment de Dilma Rousseff

    A atuação de Almagro será avaliada no âmbito do Conselho Permanente da OEA, espécie de foro político do órgão, no próximo dia 21.

    Mesmo que a discussão não tenha implicações vinculantes, o fato de o secretário-geral ter sua atuação abertamente contestada por países-membros representa claro revés político.

    Dois dias depois da reunião no Conselho Permanente, está prevista uma sessão na qual Almagro deve propor formalmente aos países-membros que apliquem a Carta democrática contra a Venezuela por violação de direitos humanos e das normas democráticas e consequentemente suspendam o país da OEA.

    O pedido para impor sanções a Caracas partiu da oposição venezuelana, que considera a pressão externa um elemento-chave para enfraquecer e, eventualmente, remover o governo chavista.

    A vitória de Caracas nesta quarta, porém, reforça expectativas de que não haverá votos suficientes para aplicar a Carta democrática contra Maduro.

    Além do apoio dos países caribenhos, que recebem petróleo venezuelano subsidiado, pesa a favor de Maduro o fato de vários países considerarem sanções contraproducentes.

    Brasil e Argentina, por exemplo, temem que a eventual suspensão da Venezuela deixe Maduro livre para aumentar ainda mais o radicalismo e a arbitrariedade contra a oposição. Também existe a preocupação de que posições muito duras contra Caracas possam afetar a relação com aliados da Venezuela, como Equador e Bolívia.

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