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    Ex-preso de Guantánamo tentou duas vezes atravessar fronteira para o Brasil

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    18/06/2016 02h00

    O sírio Jihad Diyab, um dos seis ex-prisioneiros de Guantánamo que foram recebidos pelo governo do Uruguai em dezembro de 2014, já havia sido barrado duas vezes ao tentar entrar no Brasil legalmente. Segundo o Ministério do Interior uruguaio, ele teria cruzado recentemente a fronteira entre os dois países, mas não há registro da passagem em nenhum dos dois lados.

    Um representante da Polícia Federal brasileira ouvido pela reportagem disse que Diyab havia sido barrado no posto da cidade de Chuí, no Rio Grande do Sul, que é separada apenas por uma avenida da cidade de Chuy, no norte do Uruguai.

    Esta região do país vizinho abriga uma das maiores comunidades muçulmanas do Uruguai, formada essencialmente por sírios, libaneses e palestinos.

    A Polícia Federal não confirma a entrada do sírio nem comenta o caso por se tratar de "questão de inteligência".

    Diyab recebeu status de refugiado no Uruguai e, portanto, tem direito a documento de viagem. Ele, porém, está sujeito às mesmas regras que qualquer sírio –precisando de visto para entrar no Brasil.

    Segundo a Folha apurou, em pelo menos uma das duas tentativas o ex-prisioneiro teria sido barrado por seu nome ainda figurar em lista internacional de pessoas com ligações com o terrorismo. Na época, ele havia alegado que faria uma palestra no Brasil.

    Nascido no Líbano, Diyab tem nacionalidade síria e foi preso em 2002, no Paquistão, suspeito de ligação com a rede terrorista Al Qaeda.

    Ficou 12 anos detido em Guantánamo, sem nenhuma acusação formal, até ser enviado com outros cinco detentos para Montevidéu.

    Diyab foi o que chegou ao Uruguai mais debilitado, após ter feito uma longa greve de fome em Guantánamo. Chegou a ser submetido a alimentação forçada, por meio de sondas, na prisão —o que fez com que seus advogados entrassem com um processo contra o governo americano.

    Segundo o jornal uruguaio "El Observador", Diyab não mantinha mais contato com os outros cinco ex-prisioneiros nem frequentava o centro de cultura islâmica em Montevidéu.

    O sírio já havia deixado o Uruguai uma vez, quando foi à Argentina pedir que o país também recebesse ex-detentos. Ele já havia declarado que queria trazer sua família para o Uruguai.

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