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    Plebiscito britânico

    Defensor da saída do Reino Unido do bloco europeu admite perda de força

    DE SÃO PAULO

    19/06/2016 21h53

    As campanhas dos dois lados para o plebiscito do próximo dia 23 sobre a permanência britânica na União Europeia foram retomadas neste domingo (19) após um hiato de três dias em respeito à deputada Jo Cox, assassinada na última quinta-feira (16). Ela era favorável à continuidade no bloco.

    Os defensores da permanência acusaram partidários do "Brexit" (saída da UE) de gerar um clima de hostilidade que teria levado à morte de Cox e ambos os lados tentaram manter um tom menos inflamado neste domingo.

    "Espero que, por causa da trágica morte de Jo, possamos manter um debate político menos divisionista em nosso país", disse o ministro das Finanças, George Osborne, partidário da permanência. "Nestes últimos dias antes do plebiscito, teremos menos retórica inflamada e mais argumentos razoáveis."

    O líder do partido UK Independence Party (UKIP), Nigel Farage, principal defensor do "Brexit", admitiu que a morte de Cox afetou a campanha. "Nós vínhamos com bastante ímpeto até acontecer essa terrível tragédia."

    Pesquisas mostram que o voto favorável à permanência na UE está recuperando a força, embora muitos eleitores continuem indecisos. Segundo a compilação de pesquisas "Poll of polls" do "Financial Times" feita até este domingo (19), 44% dos eleitores são favoráveis ao "Brexit", enquanto 44% querem que o país se mantenha na UE. São 11% os indecisos.

    A mesma compilação feita até sexta (17) mostrava os defensores do "Brexit" à frente, com 48%, ante 43% do voto pela permanência e 8% de indecisos.

    Cox foi baleada e esfaqueada na rua em West Yorkshire, seu distrito eleitoral, no norte da Inglaterra. No sábado (18), o suspeito do crime, Thomas Mair, disse num tribunal de Londres: "Morte a traidores, liberdade ao Reino Unido".

    Os defensores da permanência são acusados de espalhar o pânico sobre possíveis impactos da saída do bloco na economia do país. O primeiro-ministro, David Cameron, já afirmou que a saída da UE pode levar a uma queda de 5% a 6% no PIB do país.

    Já os partidários do "Brexit" são criticados por seu excessivo foco em imigração, que teria incentivado a xenofobia no país.

    Um poster dos partidários do Brexit que mostrava uma fila de refugiados sob o título "ponto de ruptura" foi classificado de "torpe e repugnante" por Osborne. Cameron afirmou que o poster era uma tentativa de amedrontar eleitores e dividir o eleitorado.

    Farage, cuja foto estava estampada no poster, disse que a UE fracassou no controle da imigração e que comprometeu a segurança da Europa ao permitir a entrada de extremistas religiosos que queriam atacar o Ocidente.

    Ben Stansall/AFP
    Placa com frase "vote pela saída", perto de Charing; plebiscito ocorre dia 23
    Placa com frase "vote pela saída", perto de Charing; plebiscito ocorre dia 23

    'CAMINHO SEM VOLTA'

    Em artigo publicado neste domingo (19) no jornal "Sunday Telegraph", Cameron adverte os eleitores que um voto pela saída "se trata de um caminho sem volta" que poderia levar à "incerteza econômica" por até uma década.

    No mesmo dia, o "Sunday Telegraph" publicou editorial apoiando o "Brexit", afirmando que a opção "articulou uma visão ambiciosa do Reino Unido como uma nação independente, livre novamente para tomar suas próprias decisões".

    Outros jornais britânicos também se posicionaram abertamente sobre o plebiscito em suas edições deste fim de semana. A favor da saída estão ainda o "Sunday Times" e o "The Sun".

    Entre os que defendem a permanência, o "Daily Mail" disse que "não é o momento de arriscar a paz e a prosperidade". Também estão deste lado o "Observer" e o "Times", que estampou na capa no sábado o editorial sob o título: "Por que permanecer é melhor para o Reino Unido". O "The Guardian" declarou apoio à continuidade em maio.

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