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    Plebiscito britânico

    'Brexit' pode gerar onda de demissões de jogadores de futebol

    FERNANDA ODILLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

    21/06/2016 14h00

    A campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia ganhou um cabo eleitoral com pinta de galã e fama internacional. O ex-jogador de futebol David Beckham usou, nesta terça-feira (21), sua conta no Instagram para anunciar seu voto pelo "fica".

    Beckham escreveu um post salientando a necessidade de encarar os problemas do mundo "em conjunto e não isoladamente".

    Ele escalou jogadores do time do Manchester United, do qual ele fez parte nos anos 1990, para ressaltar a importância de atletas europeus de diferentes países que defendiam a equipe naquela época e a fizeram a "melhor e mais bem sucedida".

    Neil Hall/Reuters
    Former British soccer player David Beckham smiles at the Evening Standard Theatre awards in London November 30, 2014. REUTERS/Neil Hall ORG XMIT: LON101
    O ex-jogador David Beckham durante evento cultural em Londres, no final de 2014

    Antes mesmo das palavras pelo "fica" de Beckham, o futuro da liga britânica de futebol já estava sendo usado como alerta no caso de vitória do "Brexit", nome em inglês dado à potencial saída dos britânicos do bloco que estará sob consulta da população na quinta-feira (23), por meio de um plebiscito.

    OS DOIS LADOS DO 'BREXIT'​

    Mais de 300 jogadores podem perder o direito de jogar no Reino Unido caso vença o "Brexit". Por isso, todos os 20 times da Premier League, a primeira divisão do futebol britânico, já haviam expressado o desejo de manter o país no bloco. De acordo com o presidente da liga, Richard Scudamore, o "Brexit" é incompatível com o nível de abertura do campeonato.

    IMPACTOS NO ESPORTE

    A advogada Maria Patsalos, especialista em imigração na área do esporte em Londres, pondera que ainda está incerto se as regras para se contratar jogadores dos países membros da UE seriam as mesmas aplicadas aos não-europeus.

    "Tecnicamente isso poderia acontecer, mas pode ser o caso que os jogadores da UE tenham tratamento mais favorável, mesmo sem a livre circulação de que gozam agora. Em última análise, depende da natureza do acordo 'Brexit'", explicou à Folha, emendando que o impacto vai depender das negociações bilaterais com cada país após uma eventual saída do bloco europeu.

    Ainda assim, Patsalos acredita que a saída do bloco pode ser extremamente prejudicial para um dos mais importantes campeonatos de futebol do mundo.

    Segundo a advogada, dois terços dos jogadores e demais profissionais que atuam na liga não atenderiam aos critérios estabelecidos pelo Reino Unido e teriam que deixar o país caso o "Brexit" vença. Para Patsalos, não há nenhuma corte a que se possa recorrer para manter os integrantes, não apenas jogadores como membros da comissão técnica.

    Plebiscito - O que pensam os?britânicos sobre a permanência na UE, em %

    Patsalos defende o recrutamento de jogadores mundo afora para manter o nível de qualidade e competitividade da liga britânica. "Alguns podem argumentar 'Brexit' é positivo na medida em que impediria a excessiva dependência de talentos europeus para compor o elenco, que acaba excluindo britânicos. No entanto, há o contra-argumento de que, ao abraçar talentos de todo o mundo, estimula os locais e aumenta o nível dos jogadores britânicos", observou.

    Para Beckham, a UE permite um campeonato de alto nível. "Eu também tive o privilégio de jogar e viver em Madrid, Milão e Paris com colegas de toda a Europa e do mundo. Aqueles grandes cidades europeias e os seus fãs apaixonados acolheram a mim e a minha família e nos deu a oportunidade de desfrutar de suas culturas e pessoas únicas e inspiradoras", escreveu o ex-jogador.

    Apesar de defender a permanência no bloco, Beckham disse que qualquer resultado no plebiscito desta quinta (23) deve ser respeitado. "Sou um apaixonado por meu país e qualquer que seja o resultado do referendo de quinta-feira, nós sempre seremos grandes."

    As declarações de Beckham deixaram o premiê britânico David Cameron animado na reta final do plebiscito. Ele citou o jogador em todas as entrevistas que concedeu. Em contrapartida, Michael Gove, ministro da Justiça e defensor do "Brexit", preferiu fazer graça ao comentar o fato de um ícone britânico ter declarado voto pelo fica. "Sou torcedor do Queen Park Rangers, sempre estive do lado do mais fraco."

    O destino do Reino Unido

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