• Mundo

    Friday, 03-May-2024 20:50:54 -03

    Plebiscito britânico

    Instituto culpa variações no voto por erros em pesquisas do Brexit

    FERNANDA ODILLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

    25/06/2016 02h00

    As pesquisas do Reino Unido, mais uma vez, falharam ao prever que os britânicos optariam por ficar na União Europeia.

    No ano passado, por exemplo, elas não conseguiram captar que o Partido Conservador conquistaria maioria absoluta no Parlamento Britânico. Questionou-se, na ocasião, a qualidade e a representatividade da amostra ouvida por telefone e pela internet.

    Dessa vez, contudo, a principal justificativa foi a dificuldade de se medir com precisão a taxa de comparecimento.

    No Reino Unido, o voto não é obrigatório e o eleitor precisa se registrar com antecedência e informar se quer comparecer à seção eleitoral ou se quer votar pelo correio —neste caso a cédula é encaminhada à residência da pessoa, que precisa devolvê-la até a manhã do dia da votação.

    Resultado Brexit

    O plebiscito realizado na quinta-feira (23) registrou recorde de comparecimento —72%— e de número de inscritos, com 46,5 milhões de eleitores registrados.

    Como não houve pesquisa de boca-de-urna, justificam especialistas, não foi possível mensurar com exatidão as preferências dos que decidiram votar de última hora.

    "Nós não escondemos o fato de que a pesquisa definitiva da YouGov calculou mal o resultado por quatro pontos. Isso parece em grande parte devido à taxa de comparecimento —algo que nós sempre dissemos seria crucial para o resultado de uma corrida tão equilibrada", informou o instituto, que previu placar exatamente oposto ao final.

    Com 52% contra 48% dos votos válidos, o Brexit venceu com o equivalente a 17,4 milhões de votos.

    O professor Richard Whitman, que leciona política e relações internacionais na universidade de Kent, na Inglaterra, já havia alertado que essa seria uma prova de fogo para as pesquisas.

    Para ele, será necessário reavaliar a metodologia aplicada para medir intenções de voto caso os institutos do Reino Unido não queiram perder por completo a confiança pública.

    Mesmo os que optaram por fazer "pesquisa das pesquisas", copilando as principais estimativas e eliminando os resultados mais extremos, não conseguiram acertar com precisão o resultado desse plebiscito histórico no Reino Unido.

    De qualquer forma, a maioria das pesquisas conseguiram medir que em meados de junho o Brexit ganhava força. Alguns dos levantamentos chegaram a colocá-lo liderando as intenções de voto.

    Os favoráveis a permanecer na EU, contudo, pareciam ter recuperado votos depois que a deputada britânica Jo Cox, 41, foi assassinada por um ultranacionalista inglês.

    Ainda assim, apesar de os indicativos de que o "fica" levaria vantagem, havia sinais de que o Reino Unido estava dividido e a disputa seria bastante acirrada.

    "Compreender os mecanismos de precisão de vitória do "sair" [do bloco europeu] vai demorar algum tempo. O que está claro é que houve um erro de avaliação dos mercados financeiros, dos mercados de apostas e dos meios de comunicação, apesar das evidências continuada de pesquisadores como a do YouGov que a corrida estava acirrada e o Brexit era uma possibilidade real", observou o instituto YouGov.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024