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    Plebiscito britânico

    Mundo vive onda xenofóbica, diz professor de Columbia

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    26/06/2016 02h00

    Há uma onda global de isolamento, xenofobia e atitudes desumanas com imigrantes, diz Christopher Sabatini, professor de relações internacionais na Universidade Columbia. Especializado em América Latina, ele diz que a região sofreu um golpe com a saída do Reino Unido da UE.

    "Com o risco de parecer fatalista", afirma, "podemos estar diante do desgaste de uma ordem internacional que orienta o mundo livre desde o fim da Segunda Guerra".

    *

    Folha - Donald Trump é um entusiasta do Brexit. A decisão na Europa pode ecoar na campanha americana?
    Christopher Sabatini - Entre a retórica de Trump e a decisão da Suprema Corte [de manter a suspensão a um plano de Barack Obama que impediria a deportação de quase 5 milhões de imigrantes], como pode piorar? Os EUA chegaram a um ponto em que não só o Congresso falha em racionalizar a política imigratória. Agora o presidente não pode proteger crianças trazidas para cá. O Brexit, a decisão do Judiciário e Trump indicam que há uma onda global de isolamento, xenofobia e atitudes desumanas com imigrantes.

    Qual o impacto do Brexit na América Latina?
    Vejo três efeitos, dois mais concretos e um simbólico. México e Chile têm acordos comerciais com a UE. Eles perderam o mercado britânico, o segundo mais rico do bloco? Argentina, Uruguai e até alguns setores do Brasil falam sobre fechar um acordo com a UE. Isso está em suspenso? No curto prazo, certamente será mais difícil para esses governos pró-mercado na América Latina agilizarem esse processo, enquanto os europeus lidam com seus problemas. Essa janela de oportunidade pode fechar.

    Mesmo que esses países [mais liberais] estejam se saindo melhor do que outros com a queda no preço das commodities, [o Brexit] certamente é um golpe simbólico para a noção de livre comércio. Como uma nação pode convencer seu povo e seu Congresso a aderirem a um acordo se nem a segunda maior economia da Europa quer fazer parte dele?

    Governos latino-americanos podem se dar bem com acordos bilaterais com o Reino Unido?
    Sim, mas a Grã-Bretanha, apesar do tamanho, não será tão atrativa quanto a UE. Seria um mercado sedutor para produtos agrícolas caso corte seus laços de livre comércio com os ex-companheiros europeus –mas isso é um longo caminho, e não tão apelativo à UE.

    Para o Brasil, o Brexit é ruim para os negócios?
    É ruim para o futuro. O agronegócio pode se beneficiar em longo prazo, mas no curto prazo a turbulência monetária e a incerteza não ajudam ninguém.

    Imigrantes brasileiros podem ter problemas?
    Não acho. O gatilho para os britânicos foi a imigração do Leste Europeu e de partes da África. Para o resto do mundo, não significa que o Reino Unido esteja fechando as portas.

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