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    eleições nos eua

    Filho de brasileiros disputa Casa Branca 'por uma América saudável'

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    26/06/2016 02h00

    Divulgação
    Rod Silva, filho de brasileiros, concorre à Casa Branca como representante do Partido da Nutrição Crédito: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Rod Silva, filho de brasileiros, concorre à Casa Branca como representante do Partido da Nutrição

    Após um presidente negro e uma mulher candidata de um grande partido, os Estados Unidos têm mais uma chance de fazer história de novo: vote em Silva.

    É o apelo de Rod, filho de imigrantes santistas, de quem herdou o sobrenome mais popular do Brasil, e um dos 1.811 inscritos na FEC (a comissão eleitoral federal) para pleitear o cargo de Barack Obama.

    O mais provável é que você só ouça falar de 0,16% deles –a democrata Hillary Clinton, o republicano Donald Trump e, com alguma boa vontade, o libertário Gary Johnson, que em 2012 teve 1% dos votos e chega a 10% em sondagens para 2016.

    É relativamente fácil concorrer a presidente nos EUA. São elegíveis, segundo a Constituição, aqueles com 35 anos ou mais (Silva tem 42), naturais do país e que nele residem há ao menos 14 anos (o filho de brasileiros é nascido e criado em Nova Jersey).

    Também é moleza ser listado como presidenciável pela FEC –após "gastar" ou "receber contribuições de US$ 5.000", preenche-se um formulário. Pronto.

    Difícil é fazer com que o eleitorado saiba que você existe. Cada um dos 50 Estados americanos tem regras específicas para inserir um candidato na ficha eleitoral. Nacionalmente, só Hillary e Trump conseguiram o feito.

    Injetando "centenas de milhares de dólares" na campanha, Silva garantiu sua presença em um deles: Colorado. Mas lembra que o eleitor pode escrever ou até colar um adesivo com o nome de um independente.

    Ele não é um total desconhecido nos EUA. Em 1995, fundou uma rede de restaurantes com alternativas saudáveis a perdições culinárias, a Muscle Maker Grill, na qual o hambúrguer premium vem com bacon de peru.

    A motivação eleitoral: nunca viu os EUA mais gordos e decidiu fazer algo a respeito. "As pessoas aqui são tão grandes e estressadas"¦"

    Diz representar o Partido da Nutrição, think tank criado com amigos do "mundo fitness" –do qual faz parte desde que, aos 15, uma namorada o chamou de "magrelo".

    Hoje malha todos os dias, após ler a Bíblia e discursos motivacionais no Facebook –gosta dos de Tony Robbins, de quem o ex-presidente Bill Clinton também é fã.

    O slogan, "Faça a América Saudável de Novo", é quase gêmeo ao "Faça a América incrível de novo" de Trump.

    Também sua retórica lembra a do magnata: "Não sou da panelinha de Washington. Como empresário de sucesso, entendo de desafios econômicos", afirmou.

    Se Trump conta ter iniciado a carreira empresarial com um "pequeno empréstimo" (US$ 1 milhão do pai), Silva começou a sua com crédito de US$ 6.000 (R$ 20,2 mil).

    O terrorismo que ninguém discute, diz, são as "ogivas" de carboidratos e açúcares na mesa americana.

    Dói no corpo (o colesterol alto afeta 71 milhões de conterrâneos) e no bolso (a pressão alta da população custa US$ 46 bilhões por ano ao país), segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

    O presidenciável que fala português com sotaque (adora "crow-quêi-tchi", o croquete) admite: não vê chances de pisar no Salão Oval. A meta é dar projeção a bandeiras como o subsídio para cidadãos entrarem na academia.

    Silva, que votou no republicano Mitt Romney em 2012, acha que Hillary e Trump estão fora de forma não só politicamente. Veja o magnata, que apresentou carta do próprio médico assegurando que seria "o mais saudável" dos presidentes. "Se eu tivesse seus bilhões, trabalharia duas vezes mais [no físico]."

    Por fora da política brasileira, surpreende-se ao saber que Dilma Rousseff, antes de ser afastada por supostas pedaladas fiscais, aderiu à bicicleta. "Talvez esse seja seu chamado."

    Para Rod Silva, saúde é o que interessa.

    CANDIDATOS IMPROVÁVEIS

    Reprodução/Instagram/limberbutt2016
    Foto de campanha do gato Limberbutt McCubbins, que concorre à Presidência dos EUA
    Foto de campanha do gato Limberbutt McCubbins, que concorre à Presidência dos EUA

    Vladimir Putin e Fidel Castro querem ser presidente dos Estados Unidos.

    Pogo Mochello Allen-Reese, ex-stripper e atual "missionário de Deus", também.

    A corrida que interessa a Forrest Gump, agora, é a eleitoral.

    Pastor numa pequena igreja no Estado americano na Flórida, Terry Jones é conhecido por refutar a ideia de que o islã é uma "religião da paz". Protesta há anos queimando cópias do Alcorão e, desde 2012, tenta se mudar para a Casa Branca.

    Nenhum deles acumula tantos fãs quanto o gato Limberbutt McCubbins, que até site e canecas temáticas tem.

    "Ratos e gatos e cachorros: são todos nossos irmãos. Este nobre felino pode salvar os EUA", diz, em soneto no Facebook, um simpatizante do bichano do Kentucky.

    (A Constituição dos Estados Unidos só permite que humanos se elejam de fato, e com pelo menos 35 anos, mais de duas vezes a média de vida de sua raça.)

    Para quem achava que só o Brasil tinha um arraial próprio de candidatos bizarros, as eleições americanas também são uma cornucópia de excentricidades.

    Muitos desses candidatos defendem o mesmo voto de protesto que, em 1959, deu ao rinoceronte Cacareco, do zoológico de São Paulo, cem mil votos para vereador.

    Até agora, a FEC (comissão federal eleitoral, na sigla em inglês) já registra 1.811 aspirantes à Presidência.

    Não que os candidatos Rocky Balboa, Deus ou Dat Ass (trocadilho com "esse traseiro") tenham alguma chance nas urnas.

    O melhor desempenho de uma terceira via à polarização entre republicanos e democratas já é centenário.

    Em 1912, o ex-presidente Theodore Roosevelt, após perder a nomeação republicana para William Howard Taft, criou o Partido Progressista. Com 27,5% da votação popular, terminou em segundo lugar, atrás do democrata Woodrow Wilson.

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