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    PP vence na Espanha, mas não obtém maioria para governar

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    26/06/2016 16h04

    Após seis meses de impasse político, eleitores espanhóis voltaram às urnas no domingo (26) para eleger seu próximo governo. Os resultados, porém, apontam para um cenário semelhante àquele que, em dezembro, obrigou esse país a repetir o pleito.

    O conservador PP (Partido Popular) venceu as eleições elegendo 137 deputados, um incremento de 14 assentos em relação aos 123 de 2015.

    O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol, centro-esquerda), em segundo lugar, terá 85 cadeiras, em comparação com as 90 recebidas em dezembro passado.

    O terceiro colocado, a coalizão de esquerda Unidos Podemos terá 71 assentos, no lugar dos 69 que o Podemos havia reunido anteriormente.

    O partido Cidadãos, que estreou nas eleições de dezembro como um importante ator político, sofreu uma importante derrota no domingo, reduzindo seu número de deputados de 40 para 32.

    Os resultados surpreendem no país. Pesquisas e analistas apontavam que o Unidos Podemos chegaria em segundo lugar, desbancando o PSOE de sua posição como líder da esquerda.

    NEGOCIAÇÃO

    A vitória do PP não significa que o partido governará a Espanha. A formação do governo é um complicado processo, no país, pois é necessário acumular 176 assentos para chegar ao poder -uma cifra que nenhum dos partidos consegue reunir sozinho.

    Isso significa que as lideranças políticas terão de, mais uma vez, sentar-se e negociar. Diante do mesmo desafio, em dezembro, os quatro principais partidos fracassaram e foi necessário convocar as novas eleições.

    O impasse dos últimos seis meses significou a paralisia do Parlamento, um Executivo provisório com poderes limitados, novos gastos com campanhas e o cansaço da população diante de partidos políticos por ora incapazes de chegar a um consenso.

    Na atual situação, a Espanha não pode renovar seu Orçamento, e o investimento público está congelado. Mariano Rajoy (PP) mantém seu cargo de primeiro-ministro.

    "Os empresários não estão satisfeitos com este estado de incerteza", afirma à Folha José Antonio Llorente, presidente executivo da consultoria Llorente & Cuenca, que reuniu analistas e homens de negócios em Madri para acompanhar a apuração. "Para investir, precisamos de estabilidade, de um governo com respaldo da população."

    CRONOGRAMA

    O novo Parlamento deve ser inaugurado em 19 de julho. A partir de então, o rei deve reunir-se com os representantes dos partidos e escolher um deles para tentar formar o próximo governo.

    Após o resultado, Rajoy comemorou diante de militantes de seu partido. "Reivindicamos o direito de governar para todos os espanhóis", afirmou. O premiê anunciou que, a partir da segunda-feira, iniciará o diálogo com os outros candidatos.

    Como ocorreu após as eleições de dezembro, os líderes negociarão alianças. Dois meses depois da primeira tentativa de formar um governo, novas eleições poderão ser convocadas.

    Mas decidir convocar uma terceira eleição, esticando a paralisia do sistema, parece uma das piores soluções. "Será difícil dizer ao público que não conseguiram chegar a um acordo", afirma Marta Romero, da Fundación Alternativas. "Todas as forças políticas serão penalizadas."

    DESAFIO DE NEGOCIAR

    Após o desafio de conquistar os votos, líderes políticos espanhóis enfrentam outra complicada missão: negociar entre si.

    Uma das opções para ter a maioria do Congresso é um governo de esquerdas, com a liderança do PSOE. Para isso seria, no entanto, necessário aliar-se à coalizão Unidos Podemos, com a qual o partido socialista não tem concordado.

    Uma alternativa é um governo do PP permitido pela abstenção do PSOE ou por seu apoio. Mas a decisão poderia ser danosa ao PSOE, alienando sua base.

    A permanência do atual premiê, Mariano Rajoy (PP), é um dos temas em debate. O partido Cidadãos condiciona sua participação em um governo à saída de Rajoy, o que dificulta a matemática.

    Qualquer que seja a saída encontrada, a opinião pública espera rapidez. O país vive um impasse desde dezembro, em um momento de crise dentro do bloco europeu.

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