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    Podemos busca respostas para desempenho ruim nas eleições

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    27/06/2016 13h20

    Quando anunciaram sua coalizão em maio deste ano, os partidos Podemos e Esquerda Unida tinham a ambição de chegar às eleições de 26 de junho como líderes da esquerda espanhola. Somando forças, seus líderes pensavam em batalhar para formar um novo governo.

    No domingo, a coalizão Unidos Podemos deparou-se com um cenário distinto. Juntos, somaram 71 assentos, a mesma cifra que haviam reunido separados no pleito de dezembro passado.

    David Fernández/Xinhua
    O líder do Podemos, Pablo Iglesias, fala na sede do partido, em Madri, na noite de domingo (26)
    O líder do Podemos, Pablo Iglesias, fala na sede do partido, em Madri, na noite de domingo (26)

    Em número de votos, a situação é mais negativa. A coalizão recebeu 1,2 milhão de votos a menos em comparação com dezembro. O sistema eleitoral espanhol tem distorções regionais, e o número de votos não se traduz diretamente em cadeiras.

    Estão, assim, distantes do topo sonhado –o conservador PP tem 137 cadeiras e o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), 85.

    O resultado surpreendeu também os institutos de pesquisa, que nas últimas semanas vinham colocando o Unidos Podemos em segundo lugar, inclusive nas pesquisas de boca de urna horas antes do resultado oficial.

    O Metroscopia, um dos mais respeitados no país, busca agora respostas para o abismo entre a previsão e a realidade. "Algo rompeu a tendência, algo complexo", diz à reportagem da Folha o analista Francisco Camas.

    Por exemplo, a votação britânica para deixar a União Europeia, o chamado "Brexit". O referendo, em 23 de junho, teria criado um cenário de instabilidade, favorável ao conservador PP (Partido Popular), hoje no poder.

    A abstenção dos eleitores moderados do Podemos é outra hipótese para o desempenho do partido no domingo. A participação nessas eleições, 69,84%, foi uma das mais baixas da história.

    Camas também ressalta que, desde 2014, eleitores têm tomado decisões na véspera do pleito, uma tendência que começava a aparecer nas últimas sondagens, ainda que de maneira tímida.

    PERGUNTA

    No dia após o pleito, a direção do Podemos reuniu-se e encomendou um estudo demográfico para analisar o desempenho e entender por que a aliança não levou a um bom resultado eleitoral.

    Pablo Echenique, um de seus líderes, afirmou a jornalistas que por ora "ninguém sabe por que o resultado não foi o que apontavam as pesquisas. Nós também não".

    Pablo Iglesias, líder do Podemos, disse que irá estender a mão a todas as forças políticas, "especialmente as progressistas". Quando se esperava que sua coalizão superasse o PSOE, a perspectiva era um governo unindo ambos. O cenário está menos claro, após os resultados.

    Alberto Garzón, líder da Esquerda Unida, afirmou na segunda-feira que a aliança com o Podemos foi "uma boa ideia" e que evitou um desastre maior. "Se tivéssemos nos apresentado separadamente, os resultados teriam sido muito piores."

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